Estudo aponta que defasagem de infraestrutura nos terminais brasileiros prejudica aproveitamento total da capacidade de grandes navios porta-contêineres
Um estudo realizado pelo Centronave (Centro de Navegação Transatlântico) revelou que quase metade da capacidade dos grandes navios porta-contêineres que serão lançados no mercado até 2026 não poderá ser plenamente utilizada no Brasil devido à defasagem dos calados e berços dos terminais no país.
Segundo a análise, aproximadamente 4,5 milhões de TEUs (Unidades Equivalentes a Vinte Pés) em nova capacidade relacionada a navios com capacidade superior a 10 mil TEUs serão introduzidos no mercado. No entanto, apenas 47% desse volume poderá ser comportado nos terminais brasileiros, de acordo com o Centronave.
A falta de infraestrutura adequada, como a profundidade dos canais de acesso e a área de atracação, tem levado as empresas a operarem os navios com capacidade reduzida, a fim de evitar problemas como o encalhe de embarcações devido ao calado insuficiente.
Para solucionar essa questão, o setor marítimo tem pressionado o governo a realizar mais obras de dragagem nos terminais. Um exemplo disso é o projeto de alargamento e aprofundamento do acesso à Baía de Babitonga, em São Francisco do Sul (SC), que tem como objetivo aumentar a profundidade do canal para 16 metros.
O Centronave estima que o Brasil perde anualmente US$ 20,6 bilhões em receitas de importação e exportação devido às restrições de infraestrutura nos portos. Além disso, a ocupação elevada dos berços nos terminais, acima do recomendado, também tem impactado a eficiência das operações.
O setor espera que iniciativas como o projeto de leilão do terminal STS10, em Santos, possam ajudar a mitigar a escassez de espaço e melhorar a capacidade de operação dos navios porta-contêineres. No entanto, ainda existem desafios a serem superados para garantir a utilização plena da capacidade dessas embarcações no país.