Um estudo realizado com dados de 2008 a 2018 em todos os 645 municípios de São Paulo revelou que o fenômeno climático El Niño está diretamente relacionado ao aumento da infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, Zika e Chikungunya. A pesquisa, divulgada pela Agência Fapesp, aponta que o El Niño, que ocasiona um aumento da temperatura e das chuvas, aumenta o risco de surtos dessas doenças.
Durante o El Niño, as águas do Oceano Pacífico se aquecem, afetando o clima em áreas tropicais, como o Brasil. Conforme o estudo, em condições de temperatura acima de 23,3 °C e chuvas superiores a 153 milímetros, recipientes expostos ao ar livre apresentaram 1,3 vezes mais larvas do Aedes aegypti do que em condições normais.
O pesquisador Francisco Chiaravalloti Neto, da Faculdade de Saúde Pública da USP e um dos autores da pesquisa, destacou que essas descobertas podem ajudar no desenvolvimento de políticas públicas para o controle do mosquito.
Em 2024, o Brasil enfrentou um significativo aumento de casos de dengue, influenciado pelo El Niño. O país registrou 6,5 milhões de casos de dengue e 5.803 mortes, com destaque para 2,1 milhões de casos em São Paulo e 1.904 óbitos. Na cidade de São Paulo, foram contabilizados 632 mil casos e 393 mortes.
O infectologista Renato Grinbaum ressaltou a importância da prevenção, como o uso de repelente e a procura por atendimento médico ao identificar sintomas da doença.
O governo de São Paulo disponibiliza a vacina contra a dengue para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, faixa etária mais afetada pela doença. O esquema vacinal consiste em duas doses com três meses de intervalo. Até o momento, 391 municípios paulistas já receberam doses da vacina, e o estado solicitou mais unidades ao Ministério da Saúde para ampliar a imunização.