A Polícia Federal concluiu que houve indícios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava envolvido em um plano de golpe de Estado durante o seu mandato. Segundo o relatório final da investigação, Bolsonaro teria tido papel direto na organização criminosa que planejava a ruptura institucional, incluindo a criação de um cenário de fraude eleitoral e ações pós-eleitorais.
O relatório, com 884 páginas, enviado pelo ministro Alexandre de Moraes ao Supremo Tribunal Federal, apontou que Bolsonaro e outros 36 investigados, incluindo ex-ministros, assessores, aliados e militares de alta patente, foram enquadrados nas operações Tempus Veritatis e Contragolpe.
A investigação revelou que desde 2019, a organização criminosa ligada a Bolsonaro disseminou uma narrativa falsa de fraude eleitoral para justificar um plano de ruptura institucional. Bolsonaro teria participado ativamente desse planejamento, incluindo a elaboração de um decreto para intervenção no Tribunal Superior Eleitoral e a criação de uma Comissão de Regularidade Eleitoral.
Além disso, a PF apontou que Bolsonaro estava ciente das ações clandestinas planejadas, que incluíam até mesmo planos de assassinato. Aliados do ex-presidente teriam elaborado um plano de fuga para garantir sua segurança em caso de fracasso do golpe.
Após manifestações em setembro de 2021, que incluíram ameaças ao STF e questionamentos ao sistema eleitoral, estratégias para a fuga de Bolsonaro foram discutidas. O ex-presidente deixou o Brasil em 30 de dezembro de 2022, antes do fim de seu mandato, seguindo para os Estados Unidos.
Mensagens recuperadas pela PF indicaram que aliados de Bolsonaro continuaram mobilizados mesmo após a posse de Lula, buscando apoio militar para o golpe. A investigação apontou que Bolsonaro tinha conhecimento e concordância com as ações golpistas, incluindo a disseminação de uma carta com teor golpista assinada por oficiais do Exército.
Em suma, a investigação da PF sugeriu que Bolsonaro e sua organização criminosa estavam envolvidos em um plano de golpe de Estado, que não se concretizou. O ex-presidente deixou o Brasil para evitar possíveis consequências legais e acompanhar os desdobramentos à distância.