Na quarta-feira passada (5), o deputado estadual Guilherme Cortez, do PSOL, protagonizou um ato simbólico ao apresentar um projeto de lei na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) com o intuito de renomear a rodovia estadual Presidente Castello Branco (SP 280) para rodovia Eunice Paiva. Essa iniciativa foi inspirada pelo sucesso do filme “Ainda Estou Aqui”, que narra a vida de Eunice Paiva e foi premiado no Oscar 2025.
Cortez fundamentou sua proposta ressaltando que o ex-presidente militar Humberto de Alencar Castello Branco desempenhou um papel central na organização do golpe militar de 1964, evento que resultou na morte do deputado Rubens Paiva, marido de Eunice. A mudança de denominação da rodovia serviria como uma forma de honrar a memória de Eunice, reconhecida por sua atuação em prol dos direitos humanos e da justiça social no Brasil.
A rodovia Presidente Castello Branco, que foi inaugurada em 1968 e tem uma extensão de 315 km, percorre um trajeto que vai desde o Cebolão, em São Paulo, passando por importantes municípios da Região Metropolitana, até alcançar o interior do estado, conectando Espírito Santo do Turvo e Santa Cruz do Rio Pardo.
No projeto de lei, o deputado destacou que o golpe militar de 1964 marcou o início de um período de repressão e violência no Brasil. Ele salientou que Castello Branco, promovido a general-de-Exército em 1962, foi um dos principais responsáveis pelo golpe que depôs o presidente João Goulart e assumiu a presidência em 1964.
Cortez também ressaltou a história de vida de Eunice Paiva, que, após ser presa durante o regime militar, dedicou-se intensamente à busca por informações sobre seu marido desaparecido. Eunice batalhou pelo reconhecimento oficial da morte de Rubens Paiva e pela localização de seu corpo, demandas que nunca foram atendidas pelo Estado brasileiro.
