Descobertas recentes revelam que, há 1,5 milhão de anos, ancestrais da humanidade na África Oriental já usavam carcaças de elefantes e hipopótamos para criar instrumentos de osso. Essas ferramentas eram pontudas, alongadas e pesadas, podendo chegar a medir até 40 cm de comprimento.
A função precisa desses instrumentos ainda não está clara, desafiando a ideia anterior de que a utilização de materiais além da pedra lascada demorou milhões de anos para se desenvolver. Anteriormente, a presença de instrumentos feitos de ossos de animais era registrada com menos frequência, a partir de cerca de 500 mil anos atrás.
Os artefatos descobertos indicam que os responsáveis por eles eram da espécie Homo erectus, muito distante dos Homo sapiens. Eles eram produzidos a partir de ossos de animais aquáticos e semi-aquáticos, como hipopótamos, sugerindo que o local de origem dos artefatos era próximo a rios e lagos.
Os fragmentos ósseos encontrados apresentam características típicas de instrumentos, como modificações indicativas de percussão por outras ferramentas, possivelmente de pedra. Os ossos transformados em instrumentos eram principalmente de membros longos, como fêmures e úmeros, pertencentes a elefantes, hipopótamos e bovídeos.
Essas descobertas levantam questões sobre a evolução das ferramentas de osso ao longo da história dos hominínios, sugerindo que essa prática pode ter surgido e desaparecido diversas vezes. A ausência de exemplos no registro fóssil pode ser explicada pela menor capacidade de preservação dos instrumentos de osso em comparação com os de pedra, que têm uma durabilidade praticamente eterna.