Neste sábado (15), André do Prado, afilhado político de Valdemar Costa Neto (PL), deve ser reeleito para a presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Sua gestão, que se destacou pela aprovação de projetos controversos e pela estreita colaboração com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), termina com um apoio considerável entre os parlamentares.
Após assumir a presidência em 2023, fruto de uma articulação política promovida por Valdemar, Prado rapidamente se firmou como um aliado estratégico do governador, o que o posiciona agora como possível candidato ao Senado ou em uma chapa governamental pelo PL nas próximas eleições.
A proximidade de Prado com a base governista é evidenciada pela recente alteração na Constituição paulista, que facilitou sua reeleição. Curiosamente, esse apoio abrange até mesmo membros da oposição, como o Partido dos Trabalhadores (PT), que concordaram em apoiar sua candidatura em troca de garantias sobre a 1ª secretaria na Assembleia. O líder do PT, Paulo Fiorilo, elogiou a administração de Prado por promover a proporcionalidade nas decisões legislativas.
Entretanto, o clima de cooperação apresentado na atual votação contrasta com momentos de intenso conflito durante seu mandato. Em 2023, a aprovação da privatização da Sabesp, uma das principais bandeiras do governador Tarcísio, gerou tumulto no plenário, resultando em empurrões e xingamentos entre os deputados. Naquela ocasião, as bancadas do PT e outros partidos de esquerda optaram por não participar da votação como forma de protesto contra a condução autoritária do presidente da Casa.
“Não podemos voltar ao plenário nessas condições. Temos colegas que não estão em segurança para participar”, declarou Fiorilo durante os protestos que antecederam a votação da privatização.
A continuidade da votação do projeto das escolas cívico-militares também trouxe críticas à gestão de André do Prado. Em um episódio recente, manifestantes estudantis se envolveram em confrontos com a Polícia Militar durante uma sessão marcada por tensões e violência.
No que diz respeito às pautas polêmicas favorecidas por Tarcísio, tanto a privatização da Sabesp quanto as escolas cívico-militares demonstram a determinação de Prado em avançar projetos que são considerados prioritários pelo governo estadual. Durante sua presidência, todas as propostas apresentadas pela administração foram aprovadas na Alesp, incluindo uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduziu o percentual mínimo que o estado deve destinar à educação – conhecida como PEC do Manejo.
Informações indicam que Tarcísio prometeu quitar emendas pendentes aos deputados aliados em um jantar realizado dias antes da votação da PEC em primeiro turno.
Por outro lado, a relação entre o governador e os parlamentares tem sido marcada por frequentes vetos a projetos já aprovados pela Alesp, gerando descontentamento entre alguns deputados que criticam a falta de justificativas claras para tais ações. Outros parlamentares parecem compreender essa dinâmica como parte das questões técnicas envolvidas na governança.
A única concorrente de André do Prado na eleição deste sábado é Paula da Bancada Feminista (PSol), que questiona a falta de independência da Alesp sob sua liderança. “Os projetos do governador são priorizados enquanto aqueles apresentados por deputados têm sido vetados quase integralmente”, afirmou Paula ao Metrópoles. “Não há compromisso por parte da presidência em derrubar esses vetos. Isso demonstra uma clara falta de autonomia no processo legislativo.”