A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira, 19, um general da reserva e ex-integrante do governo Jair Bolsonaro, juntamente com outros três oficiais militares e um policial federal. Eles são suspeitos de estarem envolvidos em uma trama para o assassinato do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
A Operação Contragolpe é um desdobramento de um inquérito que investiga uma organização criminosa suspeita de planejar um golpe de Estado e a abolição do estado democrático de direito após as eleições presidenciais de 2022, que resultaram na vitória de Lula sobre Bolsonaro por uma pequena margem de votos.
A investigação aponta para o possível envolvimento de membros próximos a Bolsonaro, incluindo o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, general Braga Netto, e o general reformado Mário Fernandes, ex-secretário executivo da Presidência, que foi preso e apontado como o autor de um arquivo que detalhava planos para o envenenamento de Lula, o assassinato de Alckmin e a explosão de Moraes.
A Polícia Federal concluiu que Bolsonaro estava empenhado na consumação do golpe de Estado e tentava obter o apoio das Forças Armadas. A Operação Contragolpe resultou nas prisões de militares de alto desempenho em operações de impacto, chamados de “kids pretos”, e do policial federal que atuava na segurança de Lula.
O plano detalhado apreendido pelos agentes incluía ações para assassinar Lula, Alckmin e Moraes por meio de envenenamento, bomba e outros métodos violentos. O general Fernandes, preso na operação, foi identificado como o responsável por esse plano. O general Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro à reeleição, era apontado como envolvido direto com a ação dos “kids pretos”.
A investigação revelou que o grupo planejava neutralizar Lula para abalar a chapa vencedora e colocá-la sob a tutela do PSDB, além de eliminar Alckmin para extinguir a chapa. O plano para Moraes envolvia até mesmo o uso de artefatos explosivos.
A Polícia Federal encontrou arquivos essenciais relacionados ao suposto golpe de Estado, incluindo planejamentos estratégicos e a criação de um gabinete de crise. O grupo suspeito, formado em sua maioria por militares com formação em Forças Especiais, utilizava um alto nível de conhecimento técnico militar para planejar e executar as ações ilícitas.
A investigação revelou também a existência de uma ação clandestina chamada “Operação Copa 2022”, destinada ao monitoramento e assassinato de Moraes. Essa operação utilizava técnicas de vigilância e medidas de anonimização, mas foi abortada após o adiamento de uma sessão do STF.
Além disso, um policial federal foi colocado sob investigação por repassar informações sobre a segurança de Lula para pessoas próximas a Bolsonaro, demonstrando aderência ao intento golpista. As diligências da Operação Contragolpe foram realizadas em três Estados – Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas – e no Distrito Federal.