O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) divulgou um levantamento que apontou uma queda na produtividade da cana-de-açúcar na região centro-sul do país. Segundo os dados de setembro de 2024, a média de colheita por hectare foi de 69,7 toneladas, comparada às 83,4 toneladas do mesmo período de 2023. A União da Indústria de Cana-de-açúcar e Biotecnologia (UNICA) destacou o adiantamento da colheita em alguns estados, com mais usinas finalizando a moagem em comparação com a safra anterior.
O monitoramento realizado pelo CTC também revelou um leve aumento na qualidade da matéria-prima, com a medição do Açúcar Total Recuperável (ATR) indicando 136,71 kg por tonelada de cana em 2024. A UNICA registrou melhorias significativas entre seus associados, com 160,30 kg de ATR por tonelada este ano, contra 149,84 kg na safra anterior. Especialistas atribuem o aumento na moagem ao adiantamento da colheita, visando evitar perdas maiores na produtividade devido ao cenário de seca.
Maximiliano Salles Scarpari, pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), enfatizou que o déficit de safra já era evidente desde o início do ano e se agravou ao longo de 2024, devido à seca extrema. Ele destacou a importância de as usinas terem mais tempo para se preparar para a próxima safra, com a manutenção dos equipamentos de colheita e moagem. A utilização de técnicas como a irrigação pode amenizar os impactos da seca nas lavouras de cana-de-açúcar.
Vinicius Bufon, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, ressaltou a importância de adotar tecnologias que garantam a sustentabilidade da produção, especialmente em cenários de seca mais frequentes e intensos. Ele recomendou estratégias de irrigação específicas para diferentes períodos e tipos de solo, visando mitigar os efeitos da escassez de água na produção de cana. A Embrapa não indica a irrigação plena em nenhuma circunstância e destaca a importância do uso sustentável dos recursos hídricos para o setor agrícola.