O Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, figura entre os sete cardeais brasileiros qualificados para participar do conclave que escolherá o novo papa da Igreja Católica, após o falecimento do Papa Francisco, ocorrido na manhã desta segunda-feira (21).
Francisco, que contava com 88 anos, faleceu em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC), levando-o a um estado de coma e, posteriormente, a um colapso cardiocirculatório irreversível, registrado às 7h35 no horário local de Roma (2h35 em Brasília).
Em uma análise sobre o papado de Francisco I, Dom Odilo Scherer destacou a relevância do trabalho desenvolvido pelo líder católico argentino ao longo dos seus 12 anos à frente da Igreja. O cardeal enfatizou que o pontificado deixou um “legado de reformas” e um esforço contínuo para tornar a instituição mais presente na vida das pessoas.
“O papa superou bravamente uma infecção para retomar suas atividades. Em seus doze anos de mandato, ele deu continuidade ao espírito do Concílio Vaticano II, buscando tornar a igreja mais acessível e missionária. Ele se dedicou à reforma interna para que a Igreja fosse vista como uma comunidade de batizados, e não apenas como uma entidade clerical. Lutou por uma Igreja mais participativa e consciente no cenário mundial”, afirmou Scherer.
O arcebispo também abordou as expectativas em relação ao próximo papa, afirmando que será impossível encontrar alguém que replique exatamente o estilo de Francisco. No entanto, ele defendeu que o novo líder deve manter os valores fundamentais do falecido papa, que são intrínsecos à própria doutrina católica.
“Não devemos esperar um papa que apoie a guerra ou negligencie os pobres. Também não podemos imaginar um líder que não exija dos padres uma formação adequada. É uma norma geral. Portanto, o próximo papa será alguém que cuidará da Igreja, mas também será uma pessoa com características humanas, governando conforme sua personalidade e habilidades. Precisamos estar abertos para acolher a nova figura papal quando ela for escolhida”, destacou.
Antes da missa celebrada na Catedral da Sé em homenagem ao papa falecido, Dom Odilo expressou sua expectativa pela comunicação oficial de Roma que o convocará ao Vaticano para participar das homenagens a Francisco I.
De acordo com o arcebispo paulista, apenas os cardeais com menos de 80 anos têm direito a participar da eleição direta do novo papa durante o conclave. Contudo, antes da votação, haverá uma série de encontros conhecidos como “Congregações gerais”, onde todos os cardeais poderão discutir sobre o perfil desejado para o novo líder religioso e os direcionamentos futuros da Igreja Católica.
Dom Odilo comentou ainda que as nomeações feitas por Francisco I devem resultar em um conclave mais internacionalizado. Ele recordou sua experiência no último conclave realizado em 2013, quando participou ativamente da eleição de Jorge Mario Bergoglio como o novo papa.
Por fim, Scherer ressaltou a coragem com que Francisco I enfrentou as questões morais dentro da Igreja, dando continuidade ao trabalho de seus antecessores. “Francisco tomou atitudes decisivas em relação a temas como a pedofilia no clero. Ele lidou com essa questão complexa com êxito, mas isso demanda um cuidado rigoroso na escolha dos candidatos e na formação dos sacerdotes para evitar essas armadilhas. Não se espera uma abordagem diferente do próximo papa nesse sentido, pois isso poderia causar danos significativos à Igreja”, concluiu.