Terça-feira, Abril 1, 2025
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Cinco PMs da operação que matou Ryan já eram investigados por mortes anteriores

A trágica morte do menino Ryan Silva Andrade Santos, de apenas 4 anos, durante uma operação da Polícia Militar (PM) em Santos, levanta sérias preocupações sobre o histórico dos policiais envolvidos. Cinco dos sete PMs participantes da ação já enfrentam processos por homicídios anteriores.

O caso ganhou notoriedade após o site Metrópoles revelar que o cabo Clóvis Damasceno de Carvalho Junior foi o responsável pelo disparo que atingiu Ryan. O incidente ocorreu em novembro do ano passado, enquanto o menino brincava em frente à casa de uma familiar.

O cabo Clóvis já está sendo processado por outro homicídio, o de José Jameson da Silva, de 36 anos, em um suposto confronto com a polícia em 2021, no Morro de São Bento — o mesmo local onde Ryan foi ferido mortalmente.

Na troca de tiros ocorrida em 11 de setembro de 2022, Clóvis estava acompanhado pelos PMs Átila Araújo Valverde Delgado e Michel Rodrigues da Silva, que também estão sob investigação pela morte do menino. Além do caso de José Jameson, Átila enfrenta acusações relacionadas a outro homicídio ocorrido em junho de 2022. Michel tem um histórico mais complexo, respondendo por múltiplas lesões corporais, das quais algumas foram arquivadas e outras estão em instâncias superiores.

Após a fatalidade envolvendo Ryan, todos os policiais foram temporariamente afastados das atividades nas ruas. A própria corporação reconheceu a possibilidade de envolvimento policial na morte do garoto, conforme indicado por laudos da Polícia Técnico-Científica.

Além dos cinco PMs já mencionados, Jorge Luiz Tilly Filho e Marcelo Oliveira Silva também fazem parte do grupo. Tilly é processado por dois homicídios cometidos entre fevereiro e novembro de 2022, enquanto Silva possui um registro anterior por lesão corporal. Por sua vez, Mauro Gomes de Moraes Junior é o único entre eles que não possui processos criminais pendentes.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou que todos os policiais retornaram às suas funções operacionais sem esclarecer a data desse retorno. As armas utilizadas durante a ocorrência também foram devolvidas ao batalhão após perícia. Entre elas está a espingarda calibre 12 utilizada pelo cabo Clóvis, que disparou três vezes. Além disso, foi identificado um fuzil calibre 556 que disparou um total de 11 vezes durante a operação; no total, os policiais efetuaram ao menos 22 disparos.

Dois adolescentes, um de 15 e outro de 17 anos, teriam disparado contra os policiais com um revólver calibre 38 durante o confronto; o mais velho não sobreviveu ao embate.

A defesa dos policiais não foi localizada até o momento e o espaço permanece aberto para qualquer manifestação.

A SSP informou que o laudo sobre a arma que causou a morte de Ryan já foi anexado ao inquérito policial que se encontra sob segredo de Justiça. Segundo a secretaria, restaria apenas coletar um depoimento para finalizar as investigações conduzidas pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) na região santista. Adicionalmente, as ações dos PMs foram objeto de um Inquérito Policial Militar já concluído e encaminhado à Justiça Militar.

Vale destacar que Ryan era filho de Leonel Andrade Santos, que também foi morto pela PM cerca de nove meses antes do incidente com o menino. Leonel perdeu a vida em fevereiro do ano passado durante uma operação policial na mesma região onde Ryan foi baleado. Beatriz da Silva Rosa, mãe do garoto, compartilhou seu desespero ao relatar como seu filho expressava o desejo de reencontrar o pai falecido.

“Todo dia eu tenho que explicar. Eles perguntam do pai. Recentemente meu filho mais novo disse: ‘Mamãe, eu quero morrer’. Eu tentei desviar a conversa para distraí-lo”, relatou Beatriz emocionada. “Ele insistia: ‘Mamãe, olha para mim, eu quero morrer agora para ver meu pai’. Eu sempre tento confortá-lo dizendo que não podemos antecipar isso.”

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