Críticas feitas pelo site Afrolink no Instagram levaram à suspensão de um programa de pós-graduação em Lisboa, Portugal. O curso em foco, intitulado “Pós-Graduação em Racismo e Xenofobia”, oferecido pela Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa em parceria com o Observatório do Racismo e Xenofobia, gerou controvérsias devido à ausência de diversidade no corpo docente, formado unicamente por professores brancos.
Paula Cardoso, fundadora do Afrolink, analisou minuciosamente o programa do curso e ressaltou a inadequação de certos conteúdos, como um módulo que questionava a existência do racismo, sendo considerado insultuoso para aqueles que enfrentam diariamente a discriminação racial.
Após as reações indignadas, a página do curso foi retirada no mesmo dia pela universidade e pelo observatório. A falta de diversidade no corpo docente foi reconhecida pela professora Margarida Lima Rego, da Universidade Nova, que apontou ajustes no programa devido àindisponibilidade de alguns formadores, resultando em uma inadequação aos princípios de diversidade e inclusão.
Esse incidente reflete a abordagem dos portugueses em relação ao tema do racismo, historicamente considerado tabu no país. A criação do Observatório do Racismo e Xenofobia em 2023, como parte do Plano de Combate ao Racismo e à Discriminação, sinaliza uma mudança mais recente de postura em relação a essas questões.
Todavia, ativistas e especialistas apontam que Portugal ainda enfrenta desafios significativos em lidar com o racismo de maneira estrutural, atribuídos à negação histórica do racismo, influenciada pela ditadura salazarista e ideias como o lusotropicalismo de Gilberto Freyre. A escassez de representatividade e sensibilidade para questões raciais em instituições de poder, como a universidade, ressalta a urgência de uma conscientização e diálogo mais amplos sobre esses temas no país.