Quarta-feira, Março 19, 2025
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Estudantes de medicina fazem apologia ao estupro durante jogo universitário em SP

Um incidente preocupante ocorreu na Faculdade Santa Marcelina, na Zona Leste de São Paulo, onde um grupo de 24 estudantes de medicina foi fotografado segurando uma bandeira com a frase “entra porra, escorre sangue” escrita à mão. A expressão possui conotação violenta e remete ao crime de estupro.

O episódio aconteceu durante um evento esportivo para calouros, no último sábado (15), e gerou indignação. O Coletivo Francisca, formado por alunas e ex-alunas da instituição, denunciou o caso à direção do curso nesta segunda-feira (17).

A frase exibida faz parte de um antigo hino da atlética da faculdade, proibido desde 2017 por seu conteúdo sexual e machista. Além de referências ao estupro, a letra continha menções explícitas a relações sexuais com membros da comunidade religiosa que compõe o corpo docente.

Confira alguns trechos da canção:

“Se no fundo eu não relo
As borda eu arregaço
Med Santa Marcelina
Arrancando seu cabaço”

“Se no cu minha piroca
Na buceta ou nas teta
Entra porra e sai sangue
Tu gritando igual capeta”

“Vai, medicina, bota pra fuder
Somos todos loucos e seu cu vamos comer”

O coletivo afirmou que o ato configura apologia ao estupro e exigiu punições severas aos envolvidos. Em resposta, a Faculdade Santa Marcelina publicou uma nota oficial reconhecendo a participação dos alunos e informou que iniciou uma sindicância para apurar o caso. Os responsáveis podem sofrer sanções que vão de advertências a suspensão ou expulsão.

Uma ex-aluna da instituição, que preferiu não se identificar, lamentou a persistência da cultura do estupro nas faculdades de medicina. Segundo ela, a bandeira foi exibida após uma vitória no handebol masculino, e a atlética estava inspecionando os materiais levados ao evento.

Ela destacou que cânticos degradantes e trotes humilhantes ainda são comuns nesses cursos, apesar dos esforços do Coletivo Francisca para combatê-los. Questionou até quando essas práticas continuarão sendo toleradas no ambiente acadêmico.

Hinos ofensivos em atléticas universitárias refletem uma cultura nociva nas universidades. O da medicina da Faculdade Santa Marcelina já havia sido criticado anteriormente e banido após pressão do movimento feminista. Além do trecho polêmico exibido no evento, outros versos também continham expressões inapropriadas.

A instituição reafirmou seu compromisso com princípios éticos e destacou que atos como esse violam a dignidade acadêmica, exigindo medidas disciplinares.

Confira a nota da instituição:

“A Faculdade Santa Marcelina se manifesta veementemente contrária ao ocorrido no último dia 15 de fevereiro, em uma competição esportiva que contou com a participação de estudantes do curso de Medicina, integrantes da Associação Atlética Acadêmica (AAAPV).

A instituição esclarece que, no ato de matrícula, o aluno aceita um compromisso formal com a faculdade, de respeito aos seus princípios éticos e morais, à dignidade acadêmica e à legislação vigente. Atitudes como essa constituem agravo à instituição e sua tradição, missão e valores e também à sociedade como um todo.

Nesse sentido, a Faculdade Santa Marcelina já iniciou um procedimento de sindicância interna para apuração dos fatos e os alunos da instituição responsáveis pelos atos (que ocorreram fora de suas dependências) serão penalizados conforme os princípios estabelecidos e a gravidade da infração. Entre as punições estão advertências verbais e escritas, suspensão e até desligamento (expulsão) da faculdade.”

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