Na quarta-feira (16), a Polícia Civil de São Paulo anunciou o indiciamento de dois policiais militares sob a acusação de estupro de vulnerável. Os indivíduos foram detidos em flagrante no dia 3 de março, durante o Carnaval, após uma jovem denunciar ter sido vítima de um suposto abuso sexual dentro da viatura da corporação.
Segundo informações disponíveis, a jovem, após solicitar ajuda aos policiais em Diadema, Grande São Paulo, foi orientada a entrar na viatura com a promessa de ser levada para casa. No entanto, os eventos tomaram um rumo alarmante quando, segundo a denúncia, o abuso ocorreu.
Os acusados, identificados como soldado Leo Felipe Aquino da Silva e cabo James Santana Gomes do 24º Batalhão, negam as alegações e afirmam que a jovem teria apresentado comportamento anômalo durante a abordagem.
O padrasto da vítima relatou à Polícia Militar que ela estava em um bloco de Carnaval em Santo André e, por volta das 22h05, pediu auxílio aos policiais mencionados. A jovem enviou um áudio para sua mãe aproximadamente 22 minutos depois, informando sobre o abuso e solicitando ajuda. Durante a comunicação com a polícia, foi registrado que os agentes teriam pedido que ela apagasse a mensagem em que revelava o ocorrido.
Cerca de cinco minutos após o envio do áudio alarmante, a vítima também encaminhou um vídeo e imagens dos dois PMs. O serviço reservado do batalhão foi acionado para investigar a situação imediatamente.
A jovem foi encontrada posteriormente por familiares na Unidade de Pronto Atendimento do bairro Liberdade, sem seu celular. Antes disso, ela havia comparecido ao 26º Distrito Policial (Sacomã), onde apresentou-se emocionalmente abalada. Policiais civis decidiram acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que a levou para atendimento médico.
Após o alegado incidente, a vítima conseguiu registrar imagens dos policiais em ato suspeito dentro da viatura. Essas gravações foram obtidas com exclusividade pelo Metrópoles e são consideradas evidências cruciais no caso.
Em declarações à imprensa, a mãe da jovem afirmou que os vídeos foram gravados logo após o suposto crime. Ela destacou que inicialmente a filha não havia percebido a gravidade da situação por acreditar que estava sendo transportada para casa.
A jovem enviou ao menos 12 áudios para sua família após o acontecimento. Dois desses registros foram analisados pela reportagem e mostram diálogos entre ela e os policiais do 24º Batalhão. Todos os áudios foram anexados como provas em dois inquéritos distintos – um conduzido pela Polícia Civil e outro pela Corregedoria da Polícia Militar.
Os policiais estão detidos no Presídio Militar Romão Gomes desde sua prisão em março e sua defesa nega as acusações feitas contra eles. Em nota oficial, os advogados afirmaram que ambos apresentarão suas versões durante o processo judicial.
As alegações apresentadas pelos PMs foram contestadas por meio dos registros feitos pela vítima. Em um dos vídeos divulgados pelo Metrópoles, os policiais afirmam não conhecer o endereço dela enquanto dirigem pela cidade; contudo, em áudios obtidos posteriormente é possível ouvir a jovem informando o nome da rua onde reside e denunciando comportamentos impróprios por parte dos agentes.
Ainda segundo relatos feitos pela vítima, os policiais teriam subtraído seu celular na tentativa de eliminar possíveis provas do crime. Após abandoná-la descalça e ferida na Rodovia Anchieta, a jovem teve que atravessar ruas movimentadas até encontrar ajuda no 26º DP (Sacomã).
A mãe da jovem declarou que sua filha ficou profundamente traumatizada após os eventos e descreveu como um verdadeiro “terror” o momento em que tentou contato com os PMs através do celular dela.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que as investigações sobre as acusações de estupro estão sendo conduzidas com rigor e incluem análise das câmeras corporais dos policiais envolvidos na ocorrência.