Neste sábado (25), o ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França (PSB), participou de um evento que, na prática, marcou o lançamento de sua pré-candidatura ao governo do estado de São Paulo.
Em um contexto onde não há concorrentes relevantes da esquerda para a disputa, França manifestou seu desejo de ser o candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas próximas eleições estaduais.
Embora oficialmente o evento tenha sido convocado para promover a ascensão do deputado estadual Caio França (PSB), seu filho, à presidência do diretório estadual do PSB, as faixas clamando por “França governador” evidenciaram as intenções políticas subjacentes ao encontro.
“Olha, pré-candidato, de verdade, você tem um período, que é a partir do ano que vem. Mas o desejo de disputar a eleição eu tenho. Eu já comuniquei isso a todo mundo internamente no partido”, afirmou o ministro.
O objetivo primordial de França é garantir apoio tanto do presidente Lula quanto do PT para sua candidatura. “Claro que a gente faz parte de um governo federal hoje. Eu sou ministro e estou aguardando o presidente Lula, como ele enxerga o quadro. Ele ainda está fazendo os seus arranjos nacionais, mas tenho a impressão que caminha para um acordo”, declarou.
O evento ocorreu na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e contou com a presença de figuras proeminentes do PSB, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, o prefeito do Recife, João Campos, e a deputada federal Tabata Amaral.
No cenário político atual, onde o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) deverá tentar a reeleição, aliados acreditam que França poderia levar a disputa ao segundo turno com o suporte de Alckmin como seu “cabo eleitoral”, um desfecho que beneficiaria Lula nas eleições presidenciais no maior colégio eleitoral do país.
Por outro lado, caso Tarcísio opte por concorrer à Presidência em vez da reeleição, as chances de sucesso para França aumentariam significativamente.
França observou: “No nosso lado não há tanta competição quanto no oposto. Especialmente se o governador decidir disputar a eleição presidencial, haveria uma multiplicidade de candidatos. Mesmo assim, eu estaria disposto a debater ideias com ele em um nível mais profundo.”
Trajetória política
Em 2018, França enfrentou uma derrota significativa ao buscar a reeleição como governador para João Doria (PSDB), perdendo por menos de 800 mil votos. Desde então, acumula duas derrotas adicionais: na corrida pela Prefeitura de São Paulo em 2020 e no Senado em 2022.
Conforme relatado pelo portal Metrópoles, recentemente deputados federais do PT paulista convidaram França para um jantar onde discutiram o possível apoio dos petistas à sua candidatura ao governo em 2026. O encontro ocorreu há cerca de um mês em Brasília e, segundo o deputado Rui Falcão (PT), foi um “bate-papo sobre a conjuntura política e as perspectivas eleitorais em São Paulo e no Brasil”, sem compromissos firmados.
No mesmo evento deste sábado, Antonio Donato, líder do PT na Alesp, elogiou a contribuição de França na chapa que levou Lula à vitória nas últimas eleições. França foi fundamental na articulação que trouxe Alckmin ao PSB e à vice-presidência.
O próprio França revelou ter consultado Fernando Haddad (PT), ex-candidato derrotado por Tarcísio na última eleição para o governo paulista, sobre sua intenção de se candidatar.
“A primeira pessoa que eu procurei foi o Haddad. O Haddad me disse que não gostaria de disputar, então me sinto à vontade para disputar as eleições. Claro que todas as eleições, um ano e pouco para frente, é difícil você prever se tudo vai encaixar”, concluiu.