O Ministério Público de São Paulo (MPSP) apresentou uma denúncia formal contra três policiais militares e três indivíduos associados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) pelo homicídio do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, um notório adversário da facção criminosa.
A acusação baseia-se no relatório final de investigação elaborado pela Polícia Civil, apresentado na última sexta-feira (14).
Os policiais Denis Martins, Ruan Rodrigues e Fernando Genauro são apontados como responsáveis pela execução de Gritzbach, assassinado com disparos de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no dia 8 de novembro do ano anterior.
Kauê do Amaral Coelho é identificado como o olheiro que facilitou a ação, enquanto Emílio Gangorra Neto, conhecido como Cigarreiro, e Diego Santos Amaral, apelidado de Didi, são citados como os mandantes do crime.
Os acusados respondem por homicídio qualificado, com agravantes relacionados a motivos torpes, uso de arma de fogo e a execução em emboscada.
A motivação para o crime está ligada a questões de vingança, envolvendo três eventos específicos: o assassinato do líder do PCC Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, em dezembro de 2021, atribuído a Gritzbach; um suposto desvio financeiro envolvendo criptomoedas pela facção; e um acordo de delação premiada com o Ministério Público.
Menos de um mês após a morte de Cara Preta, em janeiro de 2022, Gritzbach foi convocado por membros da cúpula do PCC para um tribunal do crime na zona leste. Durante a reunião, ele seria julgado pelo homicídio e pela alegada fraude financeira contra a facção.
No tribunal estavam presentes Cigarreiro e Didi, além de figuras influentes do PCC, como Danilo Lima de Oliveira (Tripa), Rafael Maeda Pires (Japa) e Claudio Marcos de Almeida (Django). Gritzbach foi libertado após prometer entregar as senhas das carteiras digitais que continham milhões investidos em criptomoedas.
A polícia estabeleceu a conexão entre Cigarreiro, Didi e o assassinato por meio da identificação do olheiro Kauê, primo de Didi, que foi encarregado de alertar os atiradores sobre a chegada de Gritzbach ao aeroporto.
A quebra de sigilo do celular de Kauê revelou mensagens mencionando Cigarreiro e um áudio que detalhava um encontro entre os dois. A investigação também mostrou que várias comunicações se referiam a Cigarreiro como “pai”, indicando sua posição proeminente dentro da organização criminosa. Ele teria se refugiado em um endereço na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, dominada pelo Comando Vermelho (CV), onde é considerado um dos fornecedores de drogas.
A polícia conclui no relatório: “Não há dúvida de que todos os envolvidos têm ligação com Cigarreiro, seja como membros do PCC, do CV ou de uma organização criminosa liderada por Emílio Castilho, voltada ao tráfico interestadual.”