Quarta-feira, Março 26, 2025
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PF revela elo entre PCC e agentes da Receita em esquema milionário de tráfico

São Paulo – Mensagens obtidas por meio de investigações da Polícia Federal (PF) sugerem que membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) estavam supostamente associados a agentes corruptos da Receita Federal, facilitando o envio de grandes quantidades de cocaína para a Europa por meio de rotas marítimas.

As revelações vieram à tona após uma apreensão significativa de 322 kg da substância, que estava camuflada em uma carga de cerâmica, realizada pela Receita Federal no final de 2020. Durante as conversas, o líder do grupo criminoso, identificado como Willian Barile Agati, conhecido como Senna e atualmente detido em Brasília, expressou incertezas sobre como a droga havia sido descoberta.

Estou aqui com o pessoal da Receita [Federal]. Vou saber em breve. Eles [agentes corruptos] estão verificando no sistema, pois ainda não saiu a informação completa. Só foi registrada a apreensão“, mencionou Agati em mensagens trocadas com um comparsa, conforme relatado pela PF.

A Receita Federal anunciou a apreensão em questão, destacando que a carga foi identificada através de escâneres. Essa operação foi a 18ª do tipo no Porto de Paranaguá, localizado no Paraná, onde, ao longo de 2020, foram confiscadas quase 5,9 toneladas de cocaína escondidas em contêineres. Esses dados indicam uma utilização recorrente do porto por organizações criminosas.

Em nota, a Receita Federal enviou uma resposta automática, informando que responderia assim que possível. O espaço permanece aberto para futuras manifestações.

A facção criminosa utilizava uma estratégia conhecida como rip-on/rip-off para ocultar suas cargas ilícitas entre produtos legais. O PCC frequentemente escolhia materiais como cerâmica, madeira ou até vasos sanitários para evitar detecções durante a fiscalização.

Além das alegações sobre corrupção dentro da Receita Federal, as comunicações interceptadas revelaram que um funcionário do Porto de Paranaguá estaria fornecendo informações valiosas ao PCC. O denominado “planner“, cuja identidade permanece em sigilo, tinha responsabilidades sobre o planejamento e controle logístico do terminal portuário.

Esse profissional compartilhava detalhes sobre as cargas onde a cocaína poderia ser escondida, o que indica um nível elevado de organização e estratégia por parte do grupo criminoso.

No âmbito aéreo, os investigadores da PF identificaram Werner Pereira da Rocha como o responsável pela administração do aeroporto de Boa Vista em Roraima. Ele supostamente auxiliava Agati no transporte de cocaína para a Europa por via aérea.

Segundo informações coletadas em relatórios policiais, um cliente londrino seria o destinatário final da droga. A cocaína era enviada inicialmente para a Bélgica em voos particulares antes de seguir para o Reino Unido.

A aeronave utilizada pertencia a Agati e era equipada com compartimentos ocultos projetados para disfarçar as malas carregadas com cocaína. O administrador do aeroporto teria recebido até R$ 250 mil por cada viagem facilitada. Além disso, segundo os relatos da PF, ele também atuava como intermediário para garantir que um agente da Receita Federal fizesse uma fiscalização complacente nas bagagens transportadas pelos aviões envolvidos no tráfico, recebendo mais de R$ 500 mil por cada liberação feita pelo agente corrupto.

A defesa de Willian Barile Agati declarou ao Metrópoles que ele é “presumido inocente conforme a Constituição Federal” e negou qualquer prática criminosa, afirmando que sua inocência será comprovada durante o processo legal. A defesa destacou ainda que Agati é um empresário respeitável sem histórico criminal e sem vínculo com o PCC ou organizações mafiosas italianas.

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