Os servidores públicos municipais de Praia Grande anunciaram uma greve geral para a próxima sexta-feira (21), após a categoria rejeitar a proposta de reajuste salarial apresentada pela Prefeitura. Além da revisão nos salários, os servidores reivindicam a implementação de um plano de carreira, o aumento do auxílio-alimentação, melhorias na assistência médica e medidas eficazes contra o assédio moral.
O movimento grevista é liderado pelo Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Praia Grande, que alega falta de valorização dos funcionários e ausência de reajustes condizentes com a inflação.
Motivação da greve
A paralisação foi decidida em assembleia extraordinária realizada na última segunda-feira (17). Segundo o Sindicato, a administração municipal não apresentou nenhuma proposta definitiva de aumento salarial para os próximos três anos, o que gerou indignação entre os trabalhadores.
O presidente do sindicato, Adriano Pixoxó, afirmou que a categoria não aceitará a ausência de reajuste e que a greve será mantida até que uma proposta justa seja apresentada.
“A proposta da Prefeitura foi 0% de reajuste, então nossa resposta é greve geral! Respeitamos o caminho do diálogo e fomos tratados como bobos, acabou a palhaçada”, declarou o representante.
O que diz a Prefeitura
Em um vídeo publicado na conta oficial do Instagram, a Prefeitura de Praia Grande negou ter proposto zero reajuste salarial para os próximos três anos aos servidores. Na mesma publicação, a pasta alegou que está realizando estudos financeiros para definir a campanha salarial de 2025, e afirmou que, efetivamente, haverá a correção salarial, devendo ocorrer em abril.
O órgão também enviou ao Sindicato, na segunda-feira (17), um Ofício assinado pelo atual Prefeito, Alberto Mourão (MDB), explicando que ainda não é possível estabelecer um valor real do reajuste. Para a Prefeitura, o documento foi interpretado de forma equivocada.
Leia abaixo um trecho do documento:
“Durante os estudos, estes mostraram-se inconclusivos, mesmo após inúmeras simulações, não transmitindo segurança para apresentar uma proposta de que atenda a legislaçãoe seja factível para execução orçamentária no presente exercício e nos dois subsequentes.”
Perspectiva popular
Para alguns munícipes que foram ouvidos pelo Diário, a resposta da Prefeitura em ser cautelar ao reajuste salarial devido a situação financeira do órgão, não condiz com algumas ações realizadas pela pasta, tais como, a criação de duas Secretarias. Sendo elas: a Secretaria de Diversidade e Inclusão, e a Secretaria de Projetos Especiais e Estratégicos, que é chefiada por Lucas Mourão Glerean, 26, neto do atual Prefeito, Alberto Mourão (MDB).
Os populares questionam a falta de verba para realizar a correção salarial dos servidores públicos.
“Para criar novas secretarias e colocar parentes em cargos públicos não foi preciso avaliar orçamento nenhum. Agora para cumprir a lei e reajustar salários de acordo com a inflação é esse show de enganação”, desabafou uma moradora.
Outro munícipe, que preferiu não se identificar, declarou que cansou de esperar pelas “sobras”:
“São décadas que o servidor espera ansioso pelo ajuste de salários, benefícios e melhores condições de trabalho. Toda época de eleição recebemos promessas vazias que nunca são cumpridas”.
Vale ressaltar que, segundo a gestão, não houve impedimento jurídico para a criação de tais Secretarias, e tampouco impacto financeiro e orçamentário à administração municipal.
Impactos para a População
A paralisação dos servidores públicos pode afetar diretamente diversos setores essenciais para o funcionamento da cidade. Entre os serviços que podem ser impactados estão:
- Educação: Com a adesão de professores e funcionários das escolas municipais à greve, há o risco de suspensão de aulas, prejudicando milhares de alunos da rede pública;
- Saúde: Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e o Pronto Atendimento podem operar com equipes reduzidas, comprometendo o atendimento à população e aumentando o tempo de espera para consultas e procedimentos médicos;
- Segurança e fiscalização: A ausência de agentes administrativos pode dificultar a execução de serviços como a emissão de documentos, fiscalização de trânsito e ações urbanísticas;
- Limpeza pública e manutenção urbana: Caso trabalhadores da limpeza e zeladoria participem da greve, a coleta de lixo e a manutenção de áreas públicas podem ser prejudicadas.
Além desses impactos, serviços burocráticos essenciais, como a emissão de certidões, atendimento ao público em órgãos municipais e processos administrativos, também poderão sofrer atrasos.
Próximos Passos
A expectativa dos trabalhadores e da população em geral, é que novas reuniões entre a Prefeitura e os representantes sindicais sejam realizadas nos próximos dias, buscando uma solução que atenda às reivindicações dos servidores sem comprometer as finanças do município. Enquanto isso, a população deve se preparar para possíveis interrupções nos serviços públicos e buscar alternativas para minimizar os transtornos.
A greve dos servidores de Praia Grande reflete um cenário recorrente em diversas cidades do país, onde trabalhadores do setor público enfrentam desafios para garantir melhores condições salariais e de trabalho. A mobilização da categoria e o posicionamento da administração municipal serão fundamentais para definir os rumos dessa paralisação nos dias seguintes.