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30/05/2025 • Resenha Corporativa

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Trump ataca impresa e demite 600 funcionários da Voice of America

A administração norte-americana liderada por Donald Trump determinou hoje a demissão de mais de 600 funcionários da agência federal que inclui a emissora Voice of America e a Rádio Martí, no mais recente ataque à imprensa pública.

21/06/2025 Notícias ao Minuto Brasil
Tradição do São João, fogueira traz simbolismo do batismo e tem significado especial em várias práticas espirituais
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Tradição do São João, fogueira traz simbolismo do batismo e tem significado especial em várias práticas espirituais

Usada até hoje em rituais xamânicos e pelos povos indígenas, a fogueira transcendeu o significado religioso e espiritual para se tornar item obrigatória nos festejos juninos. Fogueira tem sido usada em diferentes tradições espirituais ao longo do sanos Divulgação ??Durante séculos, a fogueira cumpriu o seu papel de aquecer os viajantes durante longos trajetos. Nos festejos juninos, se tornou item obrigatório. Hoje é difícil pensar em festa de São João sem uma fogueira acesa. ? Participe do canal do g1 AL no WhatsApp De vários tamanhos, elas costumam ser as protagonistas das festas e são o centro das celebrações juninas. Embora tão atual, a fogueira foi introduzida no Brasil pelos portugueses no Século XVI, sendo uma tradição Ibérica que veio com a colonização. A representatividade da fogueira, porém, vai além dos festejos juninos. O fogo, enquanto elemental, tem sido usado por muitas comunidades tradicionais, como os povos indígenas, por exemplo. No xamanismo, tem o papel de purificar e transmutar energia negativa. Nesse especial sobre a fogueira, o g1 mostra como o simbolismo do fogo está presente em diferentes culturas e povos, como observa o mestre em Preservação do Patrimônio Cultural pelo Iphan/Unesco João Augusto Andrade. "A fogueira pode ser considerada um atributo de valor para diversas manifestações culturais. É um símbolo de grande significado em diversas tradições, seja pela forma que as pessoas fazem a fogueira ou pela forma que lidam com esse elemento. Como exemplo, temos as festividades católicas de São João e Santo Antônio. No caso das religiões de matriz africana, há um sincretismo religioso entre São João e Xangô, Orixá do trovão e da justiça, um grande guerreiro, cujo principal atributo seria o fogo e o povo de terreiro o celebra nesse período junino através da fogueira", disse. A fogueira e os seus muitos significados. Além de conectar com o mundo espiritual, a fogueira também tem o poder de reunir e unir pessoas Luis Robayo/AFP Aquecer, iluminar e ser um portal que conecta com o mundo sobrenatural. A tradição de acender a fogueira para muitos povos tem sido símbolo de conexão com a natureza e o sagrado durante rituais espirituais. Entre os séculos XV e XVII, as mulheres que tinham clarividência desenvolvida e que cultuavam as forças da natureza foram apontadas como bruxas. A fogueira era algo sagrado para essas mulheres, que dançavam em volta do fogo e assim encontravam libertação. E foi pelas chamas das fogueiras que muitas foram queimadas na época da Inquisição. Povos indígenas usam o fogo durante cerimnias Eraldo Peres/AP Para os povos ciganos, a fogueira tem um significado muito especial dentro dos rituais. Aliás, é em volta dela que as festas acontecem para relembrar as origens nômades. Entre os povos indígenas, o fogo é um dos elementos cultuados, assim como a água, o ar e a terra. Dentro das comunidades originárias, o fogo é utilizado para cozinhar, em rituais fúnebres e nos rituais espirituais. No xamanismo, o fogo tem o poder de dialogar com o divino. Nas cerimônias, a "chama sagrada" cumpre um papel de guiar o buscador e de fazer com que ele transite entre o mundo material e os diversos portais de todas as suas dimensões de fractalidades. ?A fogueira de São João e o fogo no catolicismo Dentro do catolicismo, os fiéis abraçaram a ideia da fogueira na celebração do São João fazendo um paralelo com o batismo de Jesus por João Batista. Mas, assim como em outras tradições espirituais, o fogo dentro da igreja católica também representa a capacidade de purificar e de transmutar sentimentos, como observou o padre Rodrigo Rios. "Na Igreja Católica, acender fogueiras, como nas festas juninas, pode remeter a esses significados: alegria, festa da luz divina e a lembrança de que São João Batista anunciou Cristo como "a luz que ilumina as nações", disse o padre Rodrigo Rios. "O fogo possui um profundo simbolismo dentro da tradição cristã, representando tanto a presença divina quanto a purificação. Geralmente é um dos símbolos para o Espírito Santo e também da luz de Cristo no mundo", disse . Seja um elemento obrigatório nas festas juninas, seja um portal para a multidimensionalidade ou seja uma forma de aquecer corpos em dias frios, a fogueira segue sendo símbolo vivo e pulsante que transcende o tempo e barreiras culturais. Veja os vídeos mais recentes do g1 AL . Leia mais notícias da região no g1 AL

21/06/2025 G1
Estudante cria startup para facilitar a gestão de suprimentos em obras: 'Mais transparente'
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Estudante cria startup para facilitar a gestão de suprimentos em obras: 'Mais transparente'

Karoline Francisca criou a empresa após perceber, no mercado de trabalho, a dificuldade que muitas pessoas tinham ao fazer o gerenciamento de suprimentos nas obras. A startup atende clientes em cinco estados. Karoline Francisca Barbosa tem 30 anos Karoline Francisca Barbosa/Arquivo pessoal A estudante e empresária Karoline Francisca Barbosa Abreu, de 30 anos, desenvolveu uma empresa que faz o gerenciamento de suprimentos para obras. Com as experiências que teve na área ao longo dos anos, ela teve a ideia de se especializar na gestão de compras e desenvolver seu próprio negócio. "Desmistificar essa dificuldade e esses traumas que acontecem quando a gente fala de obra, né? Sempre é um trauma. Então, a gente quis trazer total transparência no processo. O cliente tem total acesso ao custo da obra, às marcas que estão sendo empregadas na obra, ele paga diretamente aos fornecedores e aos prestadores. A gente nasceu inovando nessa parte do mercado tradicional, mas de uma forma mais transparente", explicou a empresária. ? Clique aqui e siga o perfil do g1 Tocantins no Instagram. A Civil Work, nasceu em 2019 e atualmente atende, além do Tocantins, outros estados como São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O objetivo da startup é facilitar a vida das pessoas que vão construir ou reformar. Para isso, a empresa usa um sistema que filtra, qualifica os fornecedores e organiza o mapa de cotação. Karoline é estudante de engenharia civil e explica que por não ter formação na área, atua no gerenciamento da empresa e conta com uma equipe de engenheiros responsáveis por assinar e executar as obras. "Ele [engenheiro] tem a responsabilidade técnica do que acompanha e executa. Ele que assina, se responsabiliza por isso. A gente tem um contrato de colaboração técnica e ele tem o contrato direto com os clientes. O engenheiro não assina e sai do processo, ele assina a responsabilidade porque ele está contratado para isso. Eu sou empresária, faço a parte comercial e estratégica da empresa, sou eu que vendo para todos os clientes", disse. LEIA MAIS 'Tia da Merenda' de 22 anos viraliza nas redes sociais ao mostrar rotina em escola no interior do Tocantins Servidor público que caiu em golpe ao tentar trabalho como modelo lamenta comentários negativos na internet: 'Fiz de coração pra alertar' Karoline Francisca Barbosa é CEO de uma empresa na área da construção civil Karoline Francisca Barbosa/Arquivo pessoal Apesar de não atuar diretamente na engenharia, seu último emprego antes de empreender foi no setor de suprimentos, em uma construtora em Palmas. Lá ela percebeu que uma das partes mais complicadas era a cotação de materiais que seriam utilizados nas construções. "Em todas as construtoras que trabalhei, as compras e almoxarifado eram uma dor. E vi a oportunidade na construtora de entender e estudar todos os processos de compras como uma oportunidade de me especializar nisso e adaptar isso para a minha empresa. Para o tamanho da minha empresa e para os clientes que eu atendo hoje", contou. A empresária ainda explicou que o gerenciamento de obras reúne uma série de produtos e serviços, que juntos fazem a obra dar andamento até a entrega final. "A gente tem ali estudo de viabilidade do empreendimento, a gente tem o orçamento de obras, gestão de compras, os processos de recrutamento e seleção para o pessoal que vai integrar a obra. A gente tem a própria execução da obra, quando fechamos a execução da obra com a gente, tudo isso está meio que embarcado", informou. Ocupar espaço A empresária afirma que o mercado da construção civil tem mudado nos últimos anos com relação à inclusão de mulheres. Apesar disso, ela entende que mesmo com mais profissionais mulheres nas obras, o preconceito ainda persiste nos negócios. "A gente sabe que também é muito estressante a gente falar, enfrentar as situações de impotência, né? Especialmente no ambiente profissional, em que a gente às vezes pode se sentir diminuída, não prestigiada, onde a gente é interrompida, não tem credibilidade. Questionam a nossa vida pessoal. Eu passei por algumas situações em que eu estava negociando a compra de elevador e o cara entendeu que eu era secretária. E independente disso, me chamou para sair para gente falar melhor dessa compra, mas de um jeito cheio de segundas intenções". Karoline também explica que a desigualdade de gênero ainda é muito presente na distribuição salarial entre engenheiros e engenheiras. "As mulheres recebem 20% a menos fazendo as mesmas atividades que os homens na área. Isso é muito é escrachado. Eu vejo várias colegas, várias amigas que passaram por isso. Então é uma coisa assim que precisamos trabalhar". Ao vivenciar o mercado enquanto empresária e ver a situação de colegas engenheiras, Karoline decidiu mudar sua abordagem ao longo dos anos para tentar minimizar as diferenças nos espaços que ocupa. "A gente está assumindo espaços e ocupando espaços que antes a gente não tinha prestígio. Já aconteceu situações de eu ter uma ideia brilhante, mas quando eu falei não fui escutada. Falei para um colega e o colega falou e foi aplaudido. Me posicionei de uma forma que eu deixasse claro o que estava passando? Não sempre, né? Mas cheguei em um momento que eu tive que aprender a deixar o constrangimento para o outro e não levar tão na esportiva para segurar o jogo de cintura. Eu comecei meio que a passar por um processo de educar o colega mesmo", disse. Startups no Tocantins Para acompanhar o desenvolvimento de startups no Tocantins, o Sebrae desenvolveu a plataforma Tocantins Digital (Todi). Segundo os dados, 101 startups estão ativas no Tocantins, sendo que quatro delas são da área da construção civil. As áreas com mais startups são saúde (15) e agronegócio (9). Conforme os dados do Todi, são 235 empreendedores envolvidos nas empresas registradas na plataforma, sendo que 71% deles são homens e 29% são mulheres. Para a analista do Sebrae Tocantins, Adelice Novak, o crescimento das startups no estado está relacionado aos incentivos e projetos desenvolvidos nas universidades. "O que a gente percebe é que as universidades estão bem focadas no desenvolvimento desses pequenos negócios, que são as empresas júnior. Existem vários alunos que estão com vários projetos inovadores. Essas empresas buscam um modelo de negócio repetivo e escalável, operando em condições de incerteza. E hoje nós temos várias situações, principalmente quando envolve a bioeconomia. E dentro das universidades a gente percebe que estão tendo vários projetos que estão saindo de fato do papel e se transformando em negócios", explicou. VEJA TAMBÉM: Conheça história de mulheres que são donas do próprio negócio no Tocantins Conheça história de mulheres que são donas do próprio negócio no Tocantins ? Participe do canal do g1 TO no WhatsApp e receba as notícias no celular. Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.

21/06/2025 G1
'Sakura Brasileira': a mágica florada dos ipês no Pantanal que encanta como as cerejeiras do Japão; veja vídeo
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'Sakura Brasileira': a mágica florada dos ipês no Pantanal que encanta como as cerejeiras do Japão; veja vídeo

A semelhança entre as cerejeiras e os ipês reside principalmente no período de floração, que ocorre em meses de temperaturas mais amenas. No último sábado (14), o empresário Lucas Fialho, fez um vídeo do espetáculo em uma região conhecida como o Portal do Pantanal. Especialistas apontam semelhanças entre a florada de ipês e as cerejeiras no Japão A cada ano, entre os meses de junho e outubro, quando os ipês começam a florescer no Pantanal, um espetáculo silencioso e mágico transforma a paisagem e encanta como as cerejeiras no Japão. Mas o que torna os ipês tão únicos? E de que forma essa florada a sakura no Japão? Veja o vídeo acima. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MS no WhatsApp De acordo com especialistas, ambas as espécies possuem pontos muito semelhantes, como; floradas curtas transformação da paisagem e sensação de bem-estar Uma vez ao ano Devido a tamanha beleza da florada dos ipês, o empresário, Lucas Fialho, criou uma tradição e anualmente registra as flores. No último sábado (14), o empresário Lucas Fialho, fez um vídeo do espetáculo em Aquidauana, região conhecida como o Portal do Pantanal. 'Sakura Brasileira': a mágica florada dos ipês no Pantanal que encanta como as cerejeiras ?Ipês-roxos x Cerejeiras japonesas A semelhança entre as cerejeiras e os ipês reside principalmente no período de floração, que ocorre em meses de temperaturas mais amenas e com pouca chuva. Além do frio, o impacto visual das árvores cobertas de flores criam paisagens singulares. "As duas floradas são curtas, duram cerca de 10 dias e ocorrem apenas uma vez no ano, quando as temperaturas estão amenas. Outro ponto que eles possuem de semelhança é o fato de modificarem a paisagem, né? Trazem uma sensação de bem-estar. A coloração também é muito semelhante", explica José Milton Longo, biólogo, mestre e doutor em Ecologia e Conservação. Segundo o especialista, os ipês, bem como as cerejeiras, ocupam um papel fundamental como fonte de alimento para insetos polinizadores. Resistentes às baixas temperaturas e à escassez de água, as espécies não se destacam apenas pela beleza, desempenhando um papel essencial na manutenção da biodiversidade, em uma época em que poucas outras espécies estão floridas "Essa flores são fontes para insetos polinizadores, tais como abelhas, vespas, borboletas e besouros, em um momento em que outras espécies de árvores não estão florescendo", explica José Milton Longo, biólogo, mestre e doutor em Ecologia e Conservação. Os ipês O botânico Luís Caldas disse que cada tipo de ipê tem uma época de florada. Os primeiros a aparecer são os roxos, depois os rosa e, por último, o branco. No entanto, mesmo havendo períodos distintos para as floradas, nem sempre é uma regra. Isso porque as influências climáticas, como incidência de chuvas e de frio interferem nas temporadas dos ipês e em alguns anos eles podem florescer ao mesmo tempo. “Pode haver anos em que vamos ver todas as cores juntas no cerrado, não respeitando o período de florada em que normalmente temos com o roxo antes do amarelo e por último o branco intercalado com os demais”, disse. Florada dos Ipês no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Lucas Fialho Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:

21/06/2025 G1
Yurupari e Tapiraiauara: conheça as lendas que inspiram toadas de Caprichoso e Garantido em 2025
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Yurupari e Tapiraiauara: conheça as lendas que inspiram toadas de Caprichoso e Garantido em 2025

Caprichoso vai levar a lenda de Yurupari e Garantido, o mito da Tapiraiauara para o 58º Festival de Parintins. Lendas Tapiraiauara e Yurupari Reprodução No coração da Amazônia, o 58º Festival de Parintins transforma o sagrado em espetáculo, dando vida a lendas que atravessam gerações. Os bois-bumbás Caprichoso e Garantido fazem do Bumbódromo um palco onde a oralidade ancestral ganha voz, dança e cor. Entre as diversas histórias que desfilam diante do público, destacam-se Yurupari, pelo Caprichoso, e Tapiraiauara, pelo Garantido, símbolos de força ancestral e poder protetor. ? Participe do canal do g1 AM no WhatsApp De 27 a 29 de junho, a arena de Parintins será tomada por emoção e encantamento. O Caprichoso apresenta o tema “É Tempo de Retomada”, evocando a sabedoria ancestral dos povos da floresta. Já o Garantido traz “Boi do Povo, Boi do Povão”, resgatando a memória do boi vermelho e branco, ícone da Baixa do São José. Entre os 21 itens avaliados pelos jurados, um dos mais aguardados é o Item 17 – Lenda Amazônica, apresentado em cada noite da disputa. Nesse momento, os bois encenam, por meio de alegorias, coreografias, toadas e personagens, uma lenda tradicional da Amazônia. Mais do que um espetáculo visual, essa apresentação é um mergulho na ancestralidade, revelando os mistérios da floresta e a força simbólica dos mitos que habitam o imaginário dos povos da região. Yurupari, o legislador azul Yurupari, o legislador azul Reprodução ?? "Ao som de flauta é festa, ô-ô-ô-ô, ao som de tambor, guerra, ô-ô-ô-ô. Ao som de flauta é festa, ô-ô-ô-ô, ao som de tambor, guerra, ô-ô-ô-ô..." ?? O Caprichoso traz ao festival a lenda de Yurupari, o Legislador, figura mítica dos povos indígenas do Alto Rio Negro. Segundo a história, a jovem Ceuci, desobedecendo aos costumes de sua tribo, comeu a fruta sagrada do Pücã durante seu período fértil. O sumo escorreu por seu corpo, e ela foi fecundada por Guaraci, o Sol. Expulsa da aldeia, Ceuci deu à luz um menino misterioso que desaparecia durante o dia e só aparecia à noite para mamar — um filho invisível, mas presente. Quinze anos depois, o jovem retornou à aldeia, alto, forte e belo, e foi aclamado tuixaua — líder supremo. Numa época em que as mulheres detinham o poder, Yurupari restabeleceu o domínio masculino e instituiu uma nova ordem. Reuniu os homens, criou rituais de iniciação, festas sagradas e preceitos rigorosos: jejum para purificação, fidelidade e resistência à dor. Segundo seus ensinamentos, somente os fortes e obedientes alcançariam a imortalidade. As mulheres eram proibidas de ouvir suas palavras ou participar dos ritos, sob pena de morte. Até Ceuci, por desobedecer, foi transformada em pedra. Neste festival, o Caprichoso apresenta Yurupari como símbolo da sabedoria implacável e da força que molda a tradição dos povos da floresta. Ele não é apenas um personagem, mas a lei viva, o espírito que guia e disciplina. A evocação dessa lenda reafirma o compromisso do boi azul e branco com a memória indígena, transformando o ritual em espetáculo. A Tapiraiauara perreché Tapiraiauara Reprodução ❤️? "Drenando a seiva encantada, segredos que Tupã deixou. Quimera gigante encantada, estrondam gritos de pavor..." ❤️? No Festival de Parintins deste ano, o Boi Garantido invoca o mistério da Tapiraiauara, criatura lendária das águas amazônicas, que vigia os rios com olhar feroz e alma ancestral. Nascida da fusão dos medos e encantamentos dos povos da floresta, ela carrega traços de anta e onça, misturando força bruta com astúcia selvagem. É vista como um ser gigantesco e quimérico, com patas que nadam e orelhas que tremem à menor ameaça. Sua presença se anuncia antes mesmo que emerja, quando a água turva se agita e os olhos vermelhos brilham entre os galhos. Segundo os antigos, essa guardiã vive nas sombras dos aningais e nas profundezas dos igarapés, afastada dos humanos — a não ser quando precisa defender os segredos da mata. Ataca sem piedade os caçadores cruéis, especialmente os que ferem fêmeas prenhas ou violam os ciclos da vida. Dizem que ela vira canoas com o peso de um trovão, assombra os pescadores com um cheiro pútrido e cava a terra sob as árvores onde as presas tentam se esconder. Nem mesmo o topo das árvores é refúgio para quem desafia sua ira. Mas há quem veja na Tapiraiauara mais do que terror — veem nela a força de Tupã encarnada, uma protetora dos rios e das espécies, símbolo de equilíbrio sagrado. Ao evocar essa fera ancestral, o Garantido canta não apenas a lenda, mas a luta pela preservação da Amazônia, onde o real e o mítico se confundem. E quando o vermelho da arena se enche de fumaça e tambores, é a Tapiraiauara quem retorna — não como monstro, mas como espírito guerreiro da floresta viva. Ao trazer Yurupari e Tapiraiauara para o centro do bumbódromo, Caprichoso e Garantido fazem mais que apresentar espetáculos: resgatam e preservam a alma da cultura amazônica. Em cada flauta, tambor, dança e alegoria, o Festival reafirma seu papel como guardião da memória indígena e da força mítica da floresta e dos rios. Neste final de junho, Parintins não será apenas palco — será altar de respeito, resistência e ancestralidade. Opções para curtir o Festival de Parintins além do bumbódromo

21/06/2025 G1
Cidades da Bahia trocam São João nas praças públicas por festas em estádios de futebol; entenda motivos da mudança
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Cidades da Bahia trocam São João nas praças públicas por festas em estádios de futebol; entenda motivos da mudança

Programação de São João e São Pedro será realizada em equipamentos esportivos em municípios como Alagoinhas, Serrinha, Conceição do Jacuípe e Eunápolis. Arena Zé Ribeiro funcionará dentro do Estádio Municipal Antônio de Figueiredo Carneiro em Alagoinhas Divulgação/Prefeitura de Alagoinhas O São João, uma das festas mais tradicionais do Nordeste, passa por uma transformação em algumas cidades da Bahia. Se antes os festejos tradicionais se espalhavam por praças e ruas decoradas, agora parte da programação será realizada em estádios de futebol. A iniciativa, adotada por municípios como Alagoinhas, Serrinha, Conceição do Jacuípe e Eunápolis, levanta debates sobre segurança, organização e preservação das tradições culturais. Entenda o contexto em algumas dessas cidades. Novidade em Alagoinhas Em Alagoinhas, a aproximadamente 180 km de Salvador, a festa deste ano será realizada pela primeira vez no Estádio Municipal Antônio de Figueiredo Carneiro, o Carneirão. O equipamento vai abrigar a Arena Zé Ribeiro e receberá shows de artistas como Adelmário Coelho, Márcia Fellipe, Flávio José e Dorgival Dantas, entre os dias 21 e 23 de junho. Ao lado, uma cidade cenográfica chamada “Vila de Santo Antônio” foi montada como parte da programação. O espaço conta com igreja cenográfica, coreto, apresentações de quadrilha e forró pé de serra, funcionando desde sexta-feira (14). Segundo a prefeitura, a decisão de centralizar os festejos no estádio e entorno foi motivada por questões de segurança, acessibilidade e melhor organização para moradores e visitantes. “A mudança é viável porque temos um espaço central, de fácil acesso e mais seguro para quem mora nas diversas regiões da cidade. Além disso, tem a vila que está funcionando enquanto os festejos maiores acontecem”, informou a gestão municipal ao g1, através de nota. Alagoinhas: Veja movimentação na abertura da Vila de Santo Antônio A expectativa é de que o evento, nas duas áreas, receba entre 120 e 130 mil pessoas — mesmo número estimado na edição anterior, que aconteceu em uma área aberta, na Avenida Joseph Wagner. Somente o estádio poderá comportar até 22 mil pessoas, entre o gramado e as arquibancadas. De acordo com a gestão, a lotação máxima do estádio será definida com base nas diretrizes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar. O local contará com dois camarotes privados e um camarote público voltado exclusivamente para pessoas com deficiência, com acesso próximo ao palco principal. “Teremos um palco grande para as apresentações de música no Carneirão, algo jamais visto em Alagoinhas. No total, são 30 metros de largura, incluindo a parte de LED, trazendo um novo conceito para as transmissões dos shows. Teremos o dobro do tamanho dos palcos comuns, colocados para shows em outros lugares. Também teremos seis camarins climatizados para as bandas, disse o diretor de eventos da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Turismo (Secet), Frank Amâncio. Vila de Santo Antônio agita Alagoinhas no São João Divulgação/Prefeitura de Alagoinhas Além do palco para as atrações principais, haverá barracas de alimentação e estacionamento gratuito nas ruas do entorno, próximo à Praça Mário Laerte. Outro ponto destacado pela prefeitura é o apoio aos ambulantes. A Secretaria de Mobilidade e Ordem Pública (Semorp) realizou o cadastramento de 120 trabalhadores, dos quais 60 vão atuar com isopores fixos na área interna do estádio. A gestão assegura que eles poderão trabalhar sem pagar taxas e poderão deixar os filhos em um espaço exclusivo montado para crianças. A ambulante Carol Rocha, que vai atuar dentro do estádio com venda de bebidas, avalia a mudança de forma positiva. "É algo novo, então tem uma resistência, mas diante das logísticas que a gente está enfrentando, estamos gostando, sim. A prefeitura vai fornecer barracas padronizadas, tudo organizadinho. Então, são coisas a menos que a gente tem para se preocupar, porque já vai chegar com a barraca pronta”. Moradores têm demonstrado preocupação com a mudança da festa para dentro de um estádio Gilberto Galdino Por outro lado, o morador Gilberto Galdino aponta alguns impactos negativos da nova estrutura. Segundo ele, a instalação da festa no estádio prejudica o acesso de estudantes a escolas próximas, uma vez que a região foi cercada por tapumes e as vias estão parcialmente interditadas. Galdino afirma que estudantes estão utilizando caminhos alternativos considerados inseguros, como uma passagem pelos fundos do estádio. “As pessoas que ali entravam pra fazer seus esportes também estão sendo impactadas. À noite, o local é escuro e não deixaram uma abertura para passagem”, criticou. Outro aspecto levantado por Galdino é a proximidade entre o estádio e o Hospital Regional Dantas Bião, o maior da cidade. Ele acredita que o fluxo intenso de veículos, o barulho dos shows e as interdições podem causar transtornos no atendimento de emergências. “Vai ter muito engarrafamento, congestionamento. As pessoas vão procurar estacionar ali por perto e isso pode afetar o acesso de ambulâncias e o sossego de quem está internado. O som alto também pode influenciar”. Festa de São João acontece dentro do estádio Estádio Municipal Antônio Carneiro, em Alagoinhas Gilberto Galdino Serrinha mudou festa de local em 2017 Diferente de Alagoinhas, Serrinha, a cerca de 170 km de Salvador, realiza festas juninas em estádio há oito anos. Em 2017, após um ano em que a festa foi realizada na praça e superlotou, o evento foi transferido de forma definitiva para a o Estádio Municipal Mariano Santana, conhecido como Arena Marianão. Desde então, a estrutura tem crescido, assim como o público da festa. Segundo a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do município, a capacidade do estádio é para mais de 50 mil pessoas por noite, mas a edição de 2025 pode acomodar ainda mais, entre 5 e 10 mil pessoas extras, devido a um reposicionamento do palco, que será recuado para ampliar o espaço. Em anos anteriores, os portões chegaram a ser fechados quando a capacidade foi atingida. A gestão municipal reforça que a segurança segue como prioridade. Segundo a prefeitura, o limite de público é determinado por órgãos como o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar. Vista aérea da entrada da Arena Marianão, que recebe o São João de Serrinha, na Bahia Divulgação/Prefeitura de Serrinha O público poderá assistir atrações como Joelma, Pablo, Leonardo, Xand Avião, Wesley Safadão e Alok no estádio. Outra novidade da festa este ano é a presença do cantor Bell Marques, que vai se apresentar no domingo (22), em um trio elétrico. O show será às 14h, na Praça Morena Bela, no centro da cidade. Assim como em Alagoinhas, Serrinha também conta com ambulantes cadastrados pela prefeitura. Entretanto, ao contrário da outra cidade, os trabalhadores precisam pagar taxas para exercerem suas atividades durante o período festivo. Essa autorização é formalizada através de um Termo de Permissão de Uso (TPU). Ainda de acordo com a prefeitura, barracas de alimentação e áreas livres para estacionamento gratuito seguem funcionando dentro da arena e os camarotes, geridos por empresas privadas, têm preços variados. Palcos do São João de Serrinha, na Bahia, em 2025 Divulgação/Prefeitura de Serrinha Para a professora Luana Gomes Queiroz, o São João de Serrinha perdeu a "qualidade de festa popular" após a mudança para o estádio. "Antigamente, você via as famílias reunidas, curtindo a noite de São João na cidade, com forrozeiros renomados e também com os artistas da região, era uma grande celebração das nossas raízes. Hoje parece um festival de música como outro qualquer, porque não só colocaram a festa em um espaço confinado, como algumas atrações não têm ligação nenhuma com a cultura nordestina. Festa junina é festa de rua, de largo, não é festa de estádio", opinou. A Secom argumenta que praças da cidade serão decoradas para ornamentar a cidade. A expectativa é de que os espaços recebam tanto turistas quanto serrinhenses que preferem celebrações menores. LEIA MAIS: Veja atrações dos festejos juninos em várias cidades do interior baiano Pesquisa aponta que comércio local cresce 61% durante festejos de São João na Bahia Confira a programação das festas juninas em Feira de Santana Decoração junina em Serrinha, no interior da Bahia Divulgação/Prefeitura de Serrinha Veja mais notícias de Feira de Santana e região. Assista aos vídeos do g1 e TV Subaé ?

21/06/2025 G1
O Google está prestes a destruir a internet?
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O Google está prestes a destruir a internet?

Google diz que uma nova ferramenta de IA em seu buscador vai revitalizar a internet. Outros preveem um apocalipse para os sites. Uma coisa é certa: o atual capítulo da história online caminha para o fim. Google diz que uma nova ferramenta de IA em seu buscador vai revitalizar a internet, enquanto outros preveem um apocalipse para os sites. Serenity Strull/BBC/Getty Images A internet foi construída com base em um acordo simples: sites permitem que mecanismos de busca como o Google absorvam seu conteúdo gratuitamente, e, em troca, o Google direciona visitantes para esses sites, onde eles compram produtos e veem anúncios. É assim que a maioria dos sites ganha dinheiro. Estima-se que 68% das atividades online comecem em mecanismos de busca — e cerca de 90% das buscas acontecem no Google. Se a internet é um jardim, o Google é o Sol que faz as flores crescerem. Esse arranjo vigorou por décadas, mas uma mudança aparentemente pequena tem levado muitos a acreditar que o sistema está ruindo. Em breve, uma nova ferramenta de inteligência artificial será integrada à busca do Google. Você pode achá-la muito útil. Mas, se as previsões dos críticos se confirmarem, as consequências para a internet serão sísmicas. Eles traçam um cenário em que informações de qualidade se tornam mais escassas online, e grandes contingentes de profissionais perdem seus empregos. Os otimistas, por sua vez, acreditam que isso pode melhorar o modelo de negócios da web e ampliar as oportunidades para encontrar conteúdo de qualidade. Mas, para o bem ou para o mal, sua experiência digital talvez nunca mais seja a mesma. Em 20 de maio de 2025, o CEO do Google, Sundar Pichai, subiu ao palco na conferência anual de desenvolvedores da empresa. Já se passou um ano desde o lançamento dos "AI Overviews", os resumos gerados por IA que provavelmente você já viu no topo dos resultados de busca. Agora, disse Pichai, o Google quer ir além. "Para quem busca uma experiência de busca totalmente conduzida por IA, estamos lançando o novo Modo IA", afirmou. "É uma reinvenção completa da busca." Você pode estar cético após tantos anos de promessas exageradas sobre IA, mas, desta vez, é para valer. As pessoas usam o Google 5 trilhões de vezes por ano — ele molda a internet. E o Modo IA representa uma ruptura radical. Diferentemente dos AI Overviews, ele substitui completamente os resultados tradicionais da busca. Em vez disso, um chatbot gera uma espécie de miniartigo para responder à sua pergunta. Enquanto você lê este texto, o Modo IA está sendo implementado nos EUA, aparecendo como um botão na busca e no app do Google. Por enquanto, ele é opcional, mas a chefe de busca da empresa, Liz Reid, foi clara ao lançar a ferramenta: "Este é o futuro do buscador da Google." Eis o problema previsto pelos críticos: os AI Overviews já diminuem drasticamente o tráfego enviado para o restante da internet, e muitos temem que o Modo IA amplifique essa tendência. Se isso acontecer, pode destruir o modelo econômico que sustentou o conteúdo digital ao longo dos últimos 30 anos. Especialistas acreditam que o novo Modo IA do Google pode virar a internet de cabeça para baixo. Serenity Strull/BBC/Getty Images "Se o Google tornar o Modo IA o padrão, do jeito que ele funciona atualmente, o impacto na internet será devastador", afirma Lily Ray, vice-presidente de estratégia e pesquisa em SEO na agência de marketing Amsive. "Isso vai cortar a principal fonte de receita da maioria dos editores e desestimular criadores de conteúdo que dependem do tráfego orgânico, o que representa milhões de sites — talvez mais. O Google tem todo o poder." A Google diz que essas preocupações são exageradas. Na verdade, a empresa acredita que o Modo IA tornará a internet mais saudável e útil. "Todos os dias, enviamos bilhões de cliques para sites, e conectar as pessoas à web continua sendo uma prioridade", disse um porta-voz da Google. "Experiências como os AI Overviews e o Modo IA aprimoram a busca e ampliam os tipos de perguntas que as pessoas podem fazer, criando novas oportunidades para que conteúdos sejam descobertos." Mas Google e críticos concordam em uma coisa: a internet está prestes a mudar radicalmente. O próximo ano deve marcar o fim de uma era online. A única dúvida é como será o mundo quando a poeira baixar. Como usar o ChatGPT para gerar imagens digitais a partir de esboços feitos à mão O lamento dos editores É importante esclarecer: a internet não vai desaparecer. As redes sociais seguem fortes. Alguns sites com paywall estão prosperando. O que está prestes a mudar é a forma como as pessoas encontram e descobrem informações. É a chamada "web aberta" que muitos temem estar sob risco — o ecossistema de sites independentes, acessíveis gratuitamente, onde pessoas e empresas, muitas vezes chamadas de "editores", compartilham informações, imagens e vídeos. Já ouvimos isso antes. A revista Wired estampou na capa "A web está morta" em 2010 — e, no entanto, aqui estamos. Smartphones, aplicativos e redes sociais já provocaram previsões apocalípticas sobre a World Wide Web. Mas após o anúncio do Google em maio, a BBC ouviu mais de uma dúzia de especialistas que afirmam que o Modo IA representa uma ameaça inédita à economia digital. "Acho que 'extinção' é um termo forte demais para o que vai acontecer com os sites", diz Barry Adams, fundador da consultoria de SEO Polemic Digital. "O termo certo é 'dizimação'." O Google discorda. Segundo a empresa, os AI Overviews têm sido positivos para a internet — e o mesmo se aplica ao Modo IA. O Google afirma que essas ferramentas encaminham usuários a "uma maior diversidade de sites" e que o tráfego é de "qualidade superior", já que os usuários gastam mais tempo nos links que clicam. Para a Google, os AI Overviews têm sido positivos para a internet. Getty Images via BBC No entanto, a empresa não apresentou dados que sustentem essas alegações. Existe um guia de IA para editores curiosos, mas os sites ainda não têm um panorama claro sobre os impactos dos AI Overviews. O Google não respondeu às perguntas sobre esse ponto. E tampouco nega, ao menos diretamente, que as ferramentas de IA estejam reduzindo o volume total de tráfego que o buscador envia para a web. Críticos dizem que a lógica é simples: os AI Overviews e o Modo IA até incluem links, mas se a IA já entrega a resposta que o usuário procura, por que ele clicaria? Os dados parecem corroborar essa lógica. Não acredite apenas em mim — pergunte à IA do Google. Diversas análises indicam que os AI Overviews reduzem o "click-through rate" — a taxa de cliques enviados aos sites — entre 30% e 70%, dependendo do tipo de busca. Outros levantamentos mostram que cerca de 60% das buscas no Google hoje são "zero clique", ou seja, o usuário não visita nenhum link. Especialistas acreditam que uma versão do Modo IA logo se tornará o padrão, o que ampliaria ainda mais o impacto sobre o tráfego — já que a ferramenta elimina por completo a tradicional lista de links. "Estimo que os cliques vindos do Modo IA para a web serão cerca da metade — e isso no melhor cenário", diz Adams. "Acho que muitos usuários vão se contentar com a resposta da IA. Isso pode ser a diferença entre ter um negócio editorial viável e ir à falência. Para muitos editores, será algo dramático." Não se trata apenas de alguns blogueiros perdendo seus empregos. Isso também muda a forma como os próprios usuários interagem com a internet e encontram informações. "A web reúne todas essas comunidades na ponta dos seus dedos — e isso pode desaparecer", diz Gisele Navarro, editora-chefe do HouseFresh, site que publica resenhas de produtos para qualidade do ar. Navarro defende os sites que se sentem marginalizados pelo Google e argumenta que a diversidade de fontes de informação pode diminuir. "É como perguntar a um bibliotecário sobre um livro e ele apenas contar do que se trata, em vez de te entregar o livro", diz. "Aquela sensação de que a internet é uma grande biblioteca para todos nós, acho que isso acabou." Um porta-voz da Google afirma que previsões e análises como essas são inconsistentes. Segundo a empresa, os sites podem perder tráfego por vários motivos, e os estudos que abordam esse tema muitas vezes usam dados enviesados e metodologia falha. "Do nosso ponto de vista, a web está prosperando", disse Nick Fox, vice-presidente sênior de conhecimento e informação da Google, em um podcast recente. "Provavelmente não há empresa que se importe mais com a saúde e o futuro da internet do que a Google." Segundo Fox, a quantidade de conteúdo na web cresceu 45% nos últimos dois anos — excluindo spam. "Vemos isso nos dados", afirmou. "As pessoas ainda estão clicando ativamente." Apesar das garantias, alguns sites estão enfrentando dificuldades com a chegada dos chatbots e das buscas por IA. No ano passado, o HouseFresh foi um dos muitos pequenos negócios digitais que alegaram ter sido prejudicados por atualizações nos algoritmos do Google, que passaram a priorizar marcas conhecidas. Agora, segundo Navarro, a IA está agravando o problema. "Percebemos um pico nas últimas semanas", diz. As impressões — número de vezes que o HouseFresh aparece nas buscas — estão subindo. "Mas, ao mesmo tempo, os cliques estão caindo. O Google mostra nossos links com mais frequência, mas ninguém clica. Isso coincide com os AI Overviews." Segundo a consultoria BrightEdge, os AI Overviews elevaram as impressões em 49% na web, mas os cliques caíram 30%, porque os usuários obtêm suas respostas diretamente da IA. "O Google escreveu as regras, criou o jogo e premiou os jogadores", diz Navarro. "Agora está dizendo: 'Essa é a minha infraestrutura, a web só vive nela'. Acho que isso vai destruir a web aberta como conhecemos. Na verdade, provavelmente já destruiu." Bem-vindo à web das máquinas O maior impacto do Modo IA será na sua experiência diária online. Muitos acreditam que estamos diante de um novo paradigma: o surgimento da "web das máquinas". Um futuro em que os sites são construídos para serem lidos por IAs, e resumos produzidos por chatbots se tornam a principal forma de consumir informação. Demis Hassabis, chefe do Google DeepMind, o laboratório de pesquisa em IA da empresa, afirmou em uma entrevista recente que acredita que os editores vão querer alimentar diretamente os modelos de IA com seus conteúdos — e que alguns talvez nem se preocupem mais em publicá-los em sites acessíveis a humanos. "Acho que as coisas serão bem diferentes daqui a alguns anos", disse. Seria um mundo em que as respostas estariam sempre à mão. Mas isso também poderia significar o fim de elementos que tornaram a web aberta tão popular: a chance de cair em buracos de coelho digitais, de se deparar com algo inesperado ou encantador, de descobrir o novo. Em entrevista ao podcast Decoder, Pichai afirmou que, no fim das contas, tudo dependerá do que os usuários preferirem. 'É uma reinvenção completa da busca', diz Sundar Pichai. Getty Images via BBC Matthew Prince, CEO da Cloudflare — empresa que oferece serviços de rede para quase um quinto da internet — vê um problema ainda maior: "Robôs não clicam em anúncios", diz. Se a IA vira o público, como os criadores serão remunerados? Uma possibilidade é a compensação direta. O New York Times está licenciando seu conteúdo para a Amazon treinar IA. O Google paga US$ 60 milhões por ano ao Reddit para usar dados dos usuários em seus modelos. Diversos grandes conglomerados de mídia também assinaram acordos semelhantes com a OpenAI e outras empresas. Mas, até agora, só gigantes com muito conteúdo têm conseguido esses contratos. "Não acho que pagar por conteúdo dessa forma seja um modelo viável em escala suficiente para sustentar a internet", diz Tom Critchlow, vice-presidente executivo da empresa de tecnologia publicitária Raptive. "É difícil ver isso como substituto da queda nos cliques." Se for mais difícil ganhar dinheiro na web, Adams e outros preveem um êxodo em massa para as redes sociais. Para muitos, como Navarro, isso já está acontecendo. O HouseFresh migrou para o YouTube. Mas Navarro diz que os algoritmos das redes são ainda mais instáveis, e as plataformas forçam os criadores a sacrificar profundidade e detalhamento em nome do espetáculo. "Não há incentivo para construir o mesmo conteúdo de alta qualidade", afirma. "Tudo vira monetização e transição. Você é forçado a informar menos e vender mais." Para Navarro, a perda de autonomia que os editores tinham na web resulta em conteúdo de qualidade inferior para o público. É claro que há outros mecanismos de busca — como o Bing, da Microsoft, que também está integrando IA. Mas os concorrentes menores têm participação de mercado tão reduzida que dificilmente conseguirão abalar a economia digital — e muitos também estão adicionando ferramentas próprias de IA. A "web das máquinas", se é mesmo para onde estamos indo, pode ser mais fechada, menos diversa e, em certo sentido, mais plana para quem navega online. Mas nem todos estão em pânico. "Não estou preocupada no sentido de que isso é uma evolução", diz a professora Dame Wendy Hall, cientista da computação da Universidade de Southampton (Inglaterra) e uma das pioneiras que ajudaram a desenhar a arquitetura precursora da World Wide Web, nos anos 1980. "A IA agora entra na equação e vai mudar toda a dinâmica. Não quero prever exatamente o que vai acontecer", afirma. "A web ainda existe e ainda é aberta. Se o Google seguir por esse caminho, alguém vai ter uma ideia brilhante para criar um novo modelo de monetização. Algo vai acontecer. Mas, para muita gente ao longo do caminho, será tarde demais." O que os usuários querem Não há dúvida de que o Modo IA é uma peça tecnológica impressionante. Ele utiliza um "método de ramificação", no qual a IA divide sua pergunta em subtemas e realiza múltiplas buscas simultâneas. Segundo a Google, isso permite recomendar fontes mais diversas, produzir respostas mais profundas para perguntas complexas e possibilitar perguntas de acompanhamento. De acordo com a empresa, as reações aos AI Overviews indicam que o Modo IA será extremamente popular. "À medida que as pessoas usam os AI Overviews, vemos que elas ficam mais satisfeitas com os resultados e buscam com mais frequência", disse Pichai na conferência de desenvolvedores. "É um dos lançamentos mais bem-sucedidos da busca na última década." Em outras palavras, a Google afirma que isso melhora seu buscador — e é o que os usuários querem. Mas isso não justifica nada, diz Danielle Coffey, presidente da News/Media Alliance, associação que representa mais de 2.200 veículos de jornalismo e mídia (a BBC é membro da entidade). "A Google não tem o direito de tomar essa decisão de negócio em nome das pessoas que produzem os bens que estão sendo vendidos." O problema, segundo Coffey e outros, é que os editores não têm escolha. Documentos internos divulgados em um processo judicial mostram que a Google optou por "atualizar silenciosamente" suas regras, de modo que, ao participar da busca, os sites automaticamente autorizam o uso de seu conteúdo para treinar IA. É possível optar por sair — mas só se o site também sair completamente dos resultados do buscador. Um porta-voz da Google diz que esses documentos refletem discussões preliminares e não representam as decisões finais da empresa — e que os editores sempre controlaram se seu conteúdo está ou não disponível no Google. A empresa afirma ainda que oferece ferramentas para que os administradores decidam se querem ou não permitir que seu conteúdo seja usado nas respostas do Modo IA e dos AI Overviews. "As respostas da IA são um substituto para o produto original", reforça Coffey. "Não vejo isso como uma proposta de negócio que aceitaríamos voluntariamente." Nos últimos 12 meses, tribunais dos EUA concluíram que a Google opera não um, mas dois monopólios ilegais: nas áreas de busca online e publicidade digital. Ainda não se sabe quais serão as consequências, mas uma cisão da empresa está no horizonte — o que pode enfraquecer o domínio da Google sobre a internet. A empresa diz que discorda das decisões judiciais e pretende recorrer. Argumenta que enfrenta forte concorrência e que uma divisão prejudicaria os consumidores e frearia a inovação. Mas o domínio da Google talvez já esteja começando a se desgastar. Durante os julgamentos, o executivo da Apple Eddy Cue afirmou que as buscas feitas via Safari caíram pela primeira vez em 22 anos — provavelmente porque os usuários estão preferindo chatbots de IA. A Google, por sua vez, disse em comunicado que continua vendo crescimento nas buscas, inclusive em dispositivos Apple. Uma pesquisa recente mostrou que quase 72% dos americanos usam, às vezes, ferramentas de IA como o ChatGPT no lugar de buscadores. "Acho que a gente aprende mais quando faz a busca por conta própria", diz Mike King, fundador da agência de SEO iPullRank. "Mas muita gente sente que não precisa de tudo isso." A IA pode ter custos significativos. "Ela vai criar mais bolhas de filtro, porque agora é o Google interpretando a informação em vez de apenas apresentá-la", diz King. Pesquisas indicam que chatbots de IA tendem a funcionar como câmaras de eco. "A informação que você espera receber será reforçada", afirma. O Modo IA vai provocar mudanças massivas no mundo online — para o bem ou para o mal. Serenity Strull/ BBC/ Getty Images E há também preocupações centrais sobre a qualidade das respostas. Alguns estudos sugerem que os "delírios" da IA (respostas absurdas) estão se tornando mais frequentes à medida que os sistemas evoluem. Até mesmo Sundar Pichai disse, em entrevista a um podcast, que os delírios são "uma característica inerente" da tecnologia — embora a Google esteja tentando ancorar as respostas nos métodos tradicionais de busca e afirme que a precisão está melhorando. Segundo a empresa, a grande maioria das respostas com IA é factual e tem precisão comparável a outras ferramentas do buscador. Ainda assim, os deslizes iniciais — como quando os AI Overviews sugeriram que usuários comessem pedras ou colocassem cola na pizza — permanecem na memória do público. A Google age rapidamente para corrigir erros, mas, numa quinta-feira recente de 2025, um ano após o lançamento da ferramenta, a IA afirmou que não era quinta-feira — nem 2025. "Meu erro." Pesquisas indicam que a IA pode até reforçar desinformações que ela mesma inventa — criando o que cientistas da computação chamam de "chat chambers". Um porta-voz da Google afirma que a IA da empresa é projetada para corresponder aos seus interesses sem limitar o que você encontra na web. Embora o espectro da web das máquinas assuste muitos dos que constroem e dependem da internet, a Google pinta um cenário vibrante. "Daqui a cinco anos, vocês ainda verão o Google direcionando muito tráfego para a web. Esse é o caminho do produto com o qual estamos comprometidos", disse Pichai ao Decoder. A Google afirma à BBC que sua visão é de uma IA que amplia a busca, melhora os tipos de perguntas que os usuários podem fazer e expande as oportunidades de criação e descoberta de conteúdo — embora talvez de outras maneiras. "Não vou prever o que vai acontecer, porque o futuro, claro, é multifatorial", diz Cory Doctorow, defensor histórico da tecnologia e autor do livro a ser lançado Enshittification ("Bostificação", em tradução livre), sobre a decadência das plataformas online. "Mas, se eu ainda fosse alguém que valorizasse o Google como forma de encontrar informações ou de ser encontrado, estaria realmente preocupado com isso." Mas ele também vê uma oportunidade para que usuários pressionem por mudanças. "É uma crise que não deveríamos desperdiçar", diz Doctorow. "A Google está prestes a fazer algo que vai deixar muita gente furiosa. Minha primeira reação é: 'Ótimo. O que podemos fazer para canalizar essa raiva?' É uma chance de construir uma coalizão." Alguns não estão esperando pela visão d\ Google se concretizar — ou pela ação de reguladores. Matthew Prince, da Cloudflare, defende uma intervenção direta. Seu plano é fazer com que a Cloudflare e um consórcio de editores de todos os portes bloqueiem rastreadores de IA, a menos que as empresas de tecnologia paguem pelo conteúdo. É uma tentativa ousada de "redefinir o que é permitido online" e forçar o Vale do Silício a negociar pelo uso dos dados que alimentam seus modelos. A Google não respondeu a perguntas sobre essa proposta. "Meu cenário mais otimista", diz Prince, "é aquele em que os humanos acessam o conteúdo gratuitamente — e os bots pagam caro por ele." Navarro diz que é difícil não sentir saudade do que talvez esteja se perdendo — mesmo que algo novo e incrível possa surgir. "Aquela internet acontecia quando várias pessoas se conectavam por assuntos que importavam para elas", lembra, falando sobre um site de fã que criou quando criança, em espanhol, para a banda Queen. "Eu procurava conteúdo sobre o Queen e não encontrava quase nada em espanhol. Então resolvi criar. Comecei a alimentar a web quando tinha 10 anos, porque sentia que podia fazer isso", afirma. "Quero acreditar que isso não é o fim." Thomas Germain é repórter sênior de tecnologia na BBC. Cobre IA, privacidade e as fronteiras da cultura digital há quase uma década.

21/06/2025 G1
Irmã de brasileira que caiu em trilha na Indonésia desabafa: 'Talvez minha irmã não sobreviva'
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Irmã de brasileira que caiu em trilha na Indonésia desabafa: 'Talvez minha irmã não sobreviva'

A vítima, Juliana Marins de 26 anos, caiu durante uma trilha ao vulcão Rinjani. Turistas que passavam pelo local conseguiram consultar a família por meio das redes sociais. Drone flagra brasileira que caiu em trilha na Indonésia A irmã da brasileira que caiu durante uma trilha ao vulcão Rinjani, em Lombok, na Indonésia afirmou à TV Globo que a jovem, que tem 26 anos, está ficando mais fraca. A queda foi na madrugada deste sábado (21), pelo horário local -- início da noite da sexta (20), no horário de Brasília. Juliana Marins, de 26 anos, foi com uma empresa de viagens Indonésia realizar a trilha quando sofreu uma queda. Ela é de Niterói, no Rio de Janeiro. Após a queda, Juliana foi parar a uma distância de cerca de 300 metros da trilha. Segundo a irmã, não há previsão do resgate. Por volta das 5h, no horário de Brasília, uma forte neblina passou pelo local e, segundo os turistas disseram à família, parece que a jovem escorregou mais na direção do precipício. ✅Siga o canal do g1 Rio no WhatsApp e receba as notícias do Grande Rio direto no seu celular. "O único resgate que conseguiram enviar foi a pé. Não conseguiram ver nenhum outro tipo de resgate de helicóptero e tudo mais, e o resgate ainda tem umas 5, 7 horas para chegar até lá, talvez minha irmã não sobreviva", desabafa Mariana Marins. "Minha irmã está cada vez mais fraca, eu preciso muito de uma ajuda urgente de um resgate para salvar minha irmã", completa. Jovem aguarda há quase 12 horas resgate na Indonésia Reprodução O acidente ocorreu por volta das 19h da sexta, no horário de Brasília. Ela está no local há mais de 10 horas. Mariana explicou que ficou sabendo do ocorrido por meio das redes sociais. "Ela está sem acesso ao celular porque o pacote de internet que ela contratou não pega lá", explica Mariana. "Eu fiquei sabendo através do instagram". Segundo Mariana, um outro grupo que passou pelo local cerca de três horas depois da queda começou a divulgar a informação nas redes sociais até chegar a conhecidos dela. Eles também conseguiram fazer imagens da mulher com um drone. Em um vídeo enviado a família de Juliana, é possível ouvir o grupo de turistas. (Veja vídeo abaixo). "Ela parece muito assustada", diz um integrante, em inglês. Espera por resgate Grupo de turistas filma brasileira caída em trilha na Indonésia Segundo relatos do grupo no local, Juliana está muito debilitada e não consegue se mexer. Por volta das 4h, no horário de Brasília, parte da equipe de resgate chegou ao local, mas o responsável por descer e resgatar Mariana não tem previsão de aparecer, conta Mariana. "Eu pedi para o grupo continuar falando com ela para manter ela acordada", relata. "Eles disseram que a única coisa que ouviram foi um 'help' com uma voz muito trêmula". A família de Juliana acionou a embaixada brasileira em Jacarta, que está intermediando o contato com a empresa responsável pelo passeio. Imagem mostra distância da queda de brasileira na Indonésia Arquuivo pessoal "A gente tentou contato com eles [a empresa], mas o inglês era muito ruim", relata Mariana. "A Embaixada disse que não consegue mandar o resgate, mas que está tentando contato com a agência". O g1 também tentou contato com a Embaixada do Brasil no país, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Ainda segundo Mariana, desde às 2h, no horário de brasília, uma nuvem grande apareceu no local, o que dificulta a visão de Juliana por parte do grupo de turistas. (Veja imagem abaixo). Nuvem aparece em local que brasileira caiu e dificulta visão Arquuvo pessoal Juliana é publicitária e está em um mochilão pela ásia sem conhecidos. Segundo a família, ela já passou pelas Filipinas, Vietnã e Tailândia. Brasileira caí durante trilha na Indonésia e aguarda horas por resgate Arquivo pessoal

21/06/2025 G1
'Terras raras': jazida sobre vulcão inativo no Sul de MG pode colocar o Brasil na liderança da transição energética
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'Terras raras': jazida sobre vulcão inativo no Sul de MG pode colocar o Brasil na liderança da transição energética

Área de 750 km² abrange quatro municípios. Potencial de exploração torna a Caldeira de Poços de Caldas competitiva em volume e custos com a mineração da China, líder no segmento desde 1990. Vulcão inativo no Sul de MG abriga jazida de terras raras A possibilidade de exploração dos minérios conhecidos como "terras raras" na área de um vulcão extinto há 120 milhões de anos no Sul de Minas Gerais tem potencial para colocar o Brasil na posição de protagonista da transição energética. Este tipo de material ganhou importância estratégica em todo o mundo e virou, inclusive, alvo de disputas comerciais entre China e Estados Unidos. ? Participe do canal do g1 Sul de Minas no WhatsApp ?"Terras raras" são um conjunto de 17 elementos químicos essenciais na fabricação de compostos usados em tecnologias de energia limpa (veja infográfico abaixo). Apesar do nome, eles são abundantes na natureza. O termo “raras” se refere à dificuldade de separá-los dos minerais onde estão presentes. O Brasil tem a segunda maior reserva de "terras raras" do mundo, com 21 milhões de toneladas, o equivalente a 23% do total global, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME). Projetos de extração desses minérios já estão em andamento em Goiás e Minas Gerais, mas há jazidas também no Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo e Roraima. Terras Raras: jazida sobre vulcão inativo no Sul de MG pode colocar o Brasil como protagonista na corrida global por energia limpa Arte g1 O unicórnio do vulcão O depósito de "terras raras" formado sobre a cratera do vulcão extinto no Sul de Minas Gerais se destaca pela sua extensão e quantidade. Ele também possui facilidades de extração não encontradas em outros locais do mundo, sendo considerada por algumas empresas de mineração "um unicórnio" - termo utilizado para ilustrar a sua raridade e a sua singularidade. LEIA MAIS Por que decisão da China de restringir exportação de terras raras é duro golpe para EUA 'Terras raras' são ponto-chave na geopolítica mundial, e Brasil tem potencial na área; entenda ?A origem desse potencial todo é a rocha formada na época ativa do vulcão, que é alcalina — um tipo mais frágil e mais sucetível às ações do tempo, que ao longo de milhões de anos, se transformou em argila rica em íons de "terras raras". A cratera de Poços de Caldas é a segunda maior ocorrência de rocha alcalina do mundo. Fica atrás apenas de uma jazida na Sibéria, mas que não tem as condições de clima e temperatura necessárias para a formação de argila iônica. “O grande diferencial é a rocha alcalina. O mundo inteiro está procurando e ainda não encontrou nada semelhante ao que nós temos aqui. Hoje nós somos a melhor jazida do mundo e a maior”, afirmou o geólogo Álvaro Fochi, responsável pela descoberta do depósito. Área de extração de "terras raras" na região da caldeira vulcânica de Poços de Caldas Divulgação / Meteoric Resources A região também se destaca pela qualidade do minério. Enquanto a média global de "terras raras" na argila é de 1 mil ppm a 1,5 mil ppm (partes por milhão) por tonelada de óxidos de "terras raras" totais (TREO), na caldeira de Poços de Caldas este índice é 2,5 mil ppm/t, com um aproveitamento de 70% na sua separação do minério, contra 40% da média global. A jazida da caldeira de Poços foi identificada em 2012 e comprovada por testes realizados em laboratórios do Rio de Janeiro e do Canadá, mas apenas em 2022 duas empresas australianas avançaram nos estudos e processo de licenciamento necessários para a extração dos minérios, que deve ter início entre 2026 e 2027. Projeto Caldeira, em Caldas, da Meteoric Resources: a estimativa global de recursos minerais é de 740 milhões de toneladas e 2.572 ppm de TREO em uma área de de 193 km². Projeto Colossus, em Poços de Caldas, da Viridis: a estimativa global de recursos minerais é de 201 milhões toneladas e 2.590 ppm de TREO em uma área de 228,62 km² . As estimativas acima, de acordo com essas empresas, correspondem apenas aos projetos iniciais de exploração. Os estudos foram feitos somente em 15% de toda a extensão da cratera e identificaram 2 bilhões de toneladas de argila com íons de "terras raras", o que garante 20 anos de mineração. Considerando as áreas ainda não estudadas, estima-se que essa quantidade pode chegar a 10 bilhões de toneladas. Estas condições colocam a caldeira de Poços de Caldas como a única jazida capaz de competir em volume e custos com a mineração realizada na China. Segundo as mineradoras, o preço de produção deve ser de cerca de US$ 6 por quilo — o mais baixo do mundo. "A China domina grande parte da oferta global de 'terras raras', sendo que crises políticas e comerciais têm impactado diversas empresas ao redor do mundo. Nosso projeto se destaca pela capacidade de produzir até 7% da demanda global de Carbonato Misto de 'terras raras' a um valor altamente competitivo", diz o gerente regional da Viridis, Klaus Petersen. Preocupação com os impactos ambientais A mineração é um processo complexo que envolve diversas etapas. Após a extração, o minério bruto passa por processos de beneficiamento, como britagem, moagem e separação química, para concentrar o material de interesse. Para cada tonelada de argila que é processada com ácido e sulfato de amônia, só um quilo é retirado do produto que será aproveitado na indústria, segundo o ambientalista Daniel Tygel, presidente da Aliança em Prol da APA da Pedra Branca, de Caldas. O restante é devolvido para as cavas abertas pela mineração. Ambientalistas questionam sobre impactos da extração de terras raras "É necessária a realização de um estudo independente financiado pelas prefeituras de Poços de Caldas, Andradas, Caldas e Águas da Prata para poder compreender os impactos envolvidos. Não há garantia de que essa terra que é processada quimicamente, que vai voltar para as cavas, não gerará impactos para a saúde, para o solo, o ar e as águas", afirma Tygel. A Prefeitura de Poços de Caldas diz que acompanha a implantação dos estudos de impacto ambiental realizados pela mineradora. “Poços tem que se preparar de forma ordenada, de forma responsável para absorver esse crescimento, tanto com geração de emprego, capacitação de mão-de-obra, geração de recursos mesmo através dos impostos, tem uma gama de oportunidades, mas de forma responsável, tanto socialmente e ambientalmente”, afirmou o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação, Franco Otávio Tobias Martins. A Prefeitura de Caldas confirmou que emitiu a licença de uso e ocupação do solo, que faz parte do processo de licenciamento estadual. “Essa certidão atesta que o empreendimento está em acordo com as leis e regulamentos municipais. Além disso, a prefeitura está estabelecendo juntamente com a Câmara de Vereadores um termo de compromisso para resguardar os interesses do município, da comunidade e, principalmente do meio ambiente”, afirmou a secretária municipal de Meio Ambiente, Ianka Oliveira. Nos municípios de Andradas e Águas da Prata ainda não há projetos para extração de "terras raras". Na superfície As mineradoras dizem que um dos grandes diferenciais da cratera de Poços de Caldas é que os minérios que contêm "terras raras" estão na superfície, o que facilita a sua extração, pois não há necessidade de dinamitar ou abrir grandes cavas, o que diminui os impactos ambientais e torna o processo até cinco vezes mais barato. “Nas minas de argila iônica, a natureza fez tudo. A natureza destruiu a rocha e a transformou em argila iônica”, afirma Fiochi. O processo de extração e reabilitação ambiental da área ocorre de forma contínua em um sistema chamado de backfill, que ao mesmo tempo que uma nova cava é aberta, outra aberta antes vai sendo recuperada com o material retirado da anterior e assim por diante. "É a tecnologia mais sustentável de mineração no mundo", explica o professor do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Roberto Galery. ➡️Veja as etapas do processo de mineração de terras taras: Remoção do Solo: retira-se uma camada de aproximadamente 30 metros de profundidade com retroescavadeiras. Lixiviação: a argila extraída é lavada com uma solução diluída de sulfato de amônia (usado em fertilizantes), que libera os íons das terras raras. Separação e precipitação: o líquido com os íons entra em um circuito fechado, onde os elementos são separados e transformados em carbonato, o produto final usado pela indústria. Lavagem e reutilização da argila: a argila é lavada novamente para remover impurezas e depois armazenada para ser usada na recuperação das cavas já exploradas. Recuperação ambiental: o terreno é reconstituído com vegetação semelhante à original, respeitando o ecossistema local. Gestão de rejeitos e água: não há acúmulo de rejeitos nem necessidade de barragens, pois o material escavado é reutilizado para preencher as cavas. A água usada vem de reservatórios agrícolas e é 80% reutilizada. Os 20% restantes correspondem à umidade natural da argila. “Você não detona, não usa muita energia, não usa ácido forte, não usa temperatura. Então o processo é mais barato, você lava a argila e devolve ela para para a cava, ou seja, depois de um ano que você lavou, você não tem nem cicatriz e você consome pouca energia. E o Brasil tem as algumas vantagens, a energia é 100% renovável", afirma o diretor executivo da Meteoric, Marcelo Juliano de Carvalho. Amostra de argila retirada de área formada sobre cratera de vulcão extinto no Sul de Minas rica em elementos conhecidos por terras raras Viridis/Divulgação Investimento estrangeiro e cadeia de produção O potencial de terras raras no Brasil tem atraído investimentos estrangeiros, e a mineração deve gerar alta arrecadação com impostos. Pela lei, a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) desses elementos equivale a 2% da receita bruta da mineradora, sendo 65% desse montante destinado ao Município. Em Poços de Caldas, a arrecadação anual pode chegar a R$ 23 milhões, dos quais R$ 15 milhões devem ser repassados ao Município. O valor corresponde a 15 anos de arrecadação com a mineração tradicional do município focada em bauxita e argila refratária. O primeiro projeto começou a ser montado há 15 anos em Goiás, com capital americano e britânico e, por um bom tempo, foi o único. Mas nos últimos dois anos mais de duas dezenas de empresas solicitaram autorização para explorar jazidas. Desafio na comercialização Além da exploração, o Brasil enfrenta o desafio da comercialização. Existe um esforço para manter os elementos de "terras raras" no país e ajudar a criar uma cadeia produtiva nacional, algo inédito fora da China, para a transição energética e desenvolver uma indústria de transformação integrada. O país asiático lidera a exploração de "terras raras" desde os anos 1990, quando tirou a hegemonia dos Estados Unidos, e, atualmente, detém quase 75% da mineração de "terras raras", 85% do processo de refino e 95% da produção de ímãs no mundo. O neodímio é empregado para fabricar os poderosos ímãs usados em alto-falantes e discos rígidos de computadores Getty Images via BBC Em outra frente para este tipo de exploração mineral, o governo pretende criar uma cadeia completa de produção de ímãs de Neodímio, Ferro e Boro (NdFeB). O plano inclui desde a extração e beneficiamento mineral até a fabricação e reciclagem, com aplicações estratégicas nos setores automotivo, de energia renovável e eletrônico. Para isso, foi inaugurado em maio um laboratório em Lagoa Santa (MG), o CIT SENAI ITR, com capacidade para produzir até 100 toneladas de ímãs por ano para projetos de pesquisa e inovação em parceria com empresas. No início da operação, a matéria-prima virá da China, mas o objetivo é que passe a utilizar o minério brasileiro. “A proposta é que o CIT SENAI ITR se torne a maior planta de pesquisa aplicada na produção de ímãs permanentes na América do Sul e que o projeto MagBras seja o pontapé inicial para a produção de ímãs de terras raras no Brasil, com todo o ciclo de produção nacional, desde o processo de concentração e separação de terras raras até a produção final do ímã permanente, que é o produto de maior valor agregado”, diz, em nota, a Fiemg. Laboratório de ímãs de terras raras é inaugurado pela Fiemg em Lagoa Santa, MG Fiemg/Divulgação Solo de região do Sul de Minas que fica sobre uma cratera de vulcão extinto é rico em terras raras Reprodução EPTV Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas

21/06/2025 G1
5 filmes com Laurence Fishburne para maratonar no streaming online
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5 filmes com Laurence Fishburne para maratonar no streaming online

Com uma carreira que atravessa décadas, Laurence Fishburne se consolidou como um dos atores mais versáteis e respeitados do cinema. O post 5 filmes com Laurence Fishburne para maratonar no streaming online apareceu primeiro em Olhar Digital.

21/06/2025 Olhar digital