
Balão que caiu é o 1° acidente com mortes em quase uma década de balonismo em Praia Grande (SC)
Capital dos Cânions de Santa Catarina tem prática da atividade desde 2017, com quase 50 mil voos realizados no período. Incêndio e queda de balão no sábado (21) deixou 8 mortos. Local da queda de balão que deixou oito mortos em Praia Grande (SC) Mateus Castro/NSC TV Com 8,2 mil habitantes, Praia Grande (SC), a "Capital dos Cânions" de Santa Catarina, tem na procura de turistas pelo balonismo a principal atividade econômica da cidade. São cerca de 600 voos todos os meses, mais de 7,5 mil por ano, segundo a Secretaria Municipal de Turismo. A tragédia do último sábado (21), quando um dos veículos pegou fogo e despencou de uma altura de cerca de 45 metros causando 8 mortes, foi o primeiro acidente com fatalidades desde o início da prática na cidade em 2017, segundo a prefeitura. ✅Clique e siga o canal do g1 SC no WhatsApp Desde o começo da atividade, foram mais de 50 mil voos na região, conhecida como uma das "Capadócias brasileiras". Em relação a acidentes, a Secretaria de Turismo reforça que outras pequenas ocorrências já foram registradas, mas nenhuma com tamanha gravidade. "São quase nove anos de balonismo na cidade. Em média 150 voos por semana, cerca de 600 voos mensais. Esse foi o primeiro acidente com vítimas fatais. Ocorrências já aconteceram como em qualquer outra atividade de aventura", declarou Henrique Maciel, secretário de Turismo, que reforça a segurança da prática na cidade. Balão pega fogo durante passeio e cai em Praia Grande (SC) A empresa Sobrevoar, responsável pela viagem, operava desde setembro de 2024 e tinha autorização da prefeitura para funcionar. Como a atividade de balonismo é classificada como aerodesportiva, os veículos registrados para voo não são certificados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). "Também não existe uma habilitação técnica emitida para a prática, e as habilidades e os conhecimentos de cada praticante são diferenciados. Nesses casos, cabe ao desportista a responsabilidade pela segurança da operação", explicou a Anac, em nota. "Cabe esclarecer que é permitido o balonismo como atividade aerodesportiva (RBAC nº 103). Nesse caso, trata-se de atividade considerada de alto risco que ocorre, devido à sua natureza e características, por conta e risco dos envolvidos. Operadores que ponham terceiros em risco podem ser penalizados conforme artigos 33 e 35 do Decreto-Lei de Contravenções Penais e artigo 132 do Código Penal", reforçou o órgão federal. Turismo e balonismo Praia Grande, que apesar do nome não é banhada pelo litoral, está no sul catarinense, região com a maior cadeia de cânions da América Latina e fica aos pés do trecho mais abrupto da Serra, onde estão alguns dos cânions mais famosos da região sul, como o Itaimbezinho e o Malacara. A cidade, na divisa com o Rio Grande do Sul, tem potencial turístico e recebe turistas interessados em fazer vôos de balão e diversas atividades de ecoturismo. Praia Grande a 270 quilômetros de Florianópolis e a 230 quilômetros de Porto Alegre. A entrada da cidade é localizada a 21 quilômetros da BR-101, importante corredor econômico da região. Voo de Balão em Praia Grande, no Sul de Santa Catarina Tour Canyons Praia Grande/Divulgação Como era e o que aconteceu com o balão? O balão tinha capacidade para carregar até 27 pessoas ou 2.870 quilos. Em nota, a Sobrevoar disse que suspendeu as atividades e que o piloto tentou salvar todos a bordo. As informações sobre a decolagem e a queda são da Polícia Civil com base nos depoimentos de seis sobreviventes, entre eles, o piloto do balão. As autoridades seguem apurando outros detalhes e aguardam o resultado da perícia. Como aconteceu a queda: O balão subiu por volta das 7h com 21 pessoas a bordo e, logo no início do passeio, começou a pegar fogo; O extintor que estava dentro do cesto do balão não funcionou, segundo informações que o piloto repassou à polícia; O balão começou a descer e, quando estava perto do solo, 13 dos 15 sobreviventes pularam, entre eles estava o piloto; Mais leve, a estrutura voltou a subir. Quatro dos mortos pularam a uma altura de cerca de 45 metros; As chamas aumentaram e o cesto, com outras quatro vítimas, despencou. Elas morreram carbonizadas; Os bombeiros foram chamados às 8h18. Local de queda de partes do balão em Praia Grande (SC) CBM-SC/Divulgação Causa do incêndio Segundo o piloto, em depoimento à polícia, as chamas começaram por causa de um maçarico que estava no cesto. O equipamento, de acordo com Tiago Luiz Lemos, agente responsável pela delegacia da cidade, é usado para iniciar a chama nos balões. "Esse maçarico estava dentro do cesto. Ele [piloto] não soube precisar se ficou aceso, se ele acabou tendo uma chama espontânea, mas que foi desse equipamento que estava dentro do cesto que acabou pegando fogo e pegando fogo no cesto", disse o investigador. A Polícia Científica e outros órgãos de segurança foram até o local para fazer a perícia. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) acompanha. Extintor não funcionou O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, falou sobre o acidente: "Segundo o que foi identificado, o extintor não funcionou e não foi possível apagar [o fogo]. O balão, então, sobe um pouco e vai até o solo. Um conjunto de pessoas, que são 13, conseguem sair nesse primeiro momento. O balão acaba ficando leve em razão da saída dessas pessoas e sobe novamente", disse. No domingo (22), Clóvis Rogério, advogado do piloto, afirmou que as causas do acidente só poderão ser confirmadas por meio de perícia e não confirmou as informações sobre o extintor e o maçarico. Fazia sol na região no momento do acidente, mas o delegado-geral afirma que havia previsão de instabilidade. A polícia vai apurar se as condições climáticas podem ter contribuído para o incêndio e queda. Feridos, mortos e sobreviventes Entre feridos, mortos e sobreviventes, 18 são moradores de Santa Catarina, 2 do Rio Grande do Sul e 1 de São Paulo. Entre eles há mãe e filha, dois casais, além de um patinador artístico e um oftalmologista (saiba quem são). Leandro Luzzi, 33 anos Andrei Gabriel de Melo, 34 anos Leane Elizabeth Herrmann, 70 anos Janaina Moreira Soares da Rocha, 46 anos Everaldo da Rocha, 53 anos Juliane Jacinta Sawicki, 36 anos Leise Herrmann Parizotto, 37 anos Fabio Luiz Izycki, 42 anos Da esquerda para a direita: Leane Elizabeth Herrmann, Leise Herrmann Parizotto, Leandro Luzzi, Fabio Luiz Izycki, Juliane Jacinta Sawicki, Everaldo da Rocha, Janaina Moreira Soares da Rocha e Andrei Gabriel de Melo Reprodução ✅Clique e siga o canal do g1 SC no WhatsApp VÍDEOS: mais assistidos do g1 SC nos últimos 7 dias