Notícia
Carta dos 152 bispos, divulgada em julho de 2020, afirmava que o país passava por um dos períodos mais difíceis da história. Ministro Alexandre de Moraes, do STF, retirou o sigilo do relatório da PF que indicia mais de 30 pessoas. Print mostra alguns nomes de bispos que assinaram a carta com o pedido do GSI para 'elaborar perfil'
Arquivo pessoal
Pelo menos três bispos que atuavam, à época, em dioceses na região de São José do Rio Preto (SP) e que assinaram a carta com duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram alvo de um esquema de espionagem ilegal montado na Agência Brasileira de Informações (Abin) durante o governo dele.
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A carta dos 152 bispos, divulgada em julho de 2020, afirmava que o país passava por um dos períodos mais difíceis da história, em meio à crise de saúde, um colapso econômico e também de tensão sobre os fundamentos da República. Segundo o texto, isso seria, em grande parte, provocado pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.
A carta, chamada de Carta ao Povo de Deus, que seria publicada, chegou a ser suspensa para análise do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). No entanto, acabou vazando.
Segundo apurado pelo g1, a Abin paralela, nome dado ao esquema que monitorava os opositores, entre eles os bispos que assinaram o documento, colocou como alvos:
Bispo emérito Demétrio Valentini, de Jales;
Bispo José Reginaldo Andrietta, de Jales;
Bispo já falecido Antônio Celso de Queirós, de Catanduva.
Em nota enviada ao g1, a Arquidiocese de Rio Preto, responsável pelas dioceses citadas acima, informou que aguarda a análise da íntegra do relatório para, em sintonia com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, expressar o entendimento.
Entenda o escândalo
O que é a Abin paralela, segundo a PF
Arte/g1
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, derrubou, na quarta-feira (18), o sigilo do inquérito da Polícia Federal que apura o escândalo. O relatório da polícia indiciou mais de 30 pessoas.
De acordo com a investigação, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) pediu ao ex-diretor da Abin, Frank Márcio de Oliveira, o levantamento de informações e perfis de cada um dos bispos que assinou o manifesto. Veja a imagem no topo da reportagem. Frank está entre os indiciados.
Também consta no relatório uma mensagem encaminhada à Abin pelo agente da PF Marcelo Bormevet, em que ele escreve: "Parabéns, muito corajoso: Padre desmascara 152 bispos que assinam carta contra Bolsonaro: Todos Comunistas."
Agora, cabe ao Ministério Público decidir como proceder: pode propor mais apurações, apresentar uma acusação formal à Justiça (uma denúncia) ou arquivar o caso.
Ou, ainda, sugerir um acordo de não-persecução penal, quando o caso se encaixa nas condições previstas em lei. A Procuradoria-Geral da República terá 15 dias para se pronunciar.
Em qualquer uma das situações - arquivamento, mais diligências, denúncia - a PGR vai apresentar as conclusões ao Supremo Tribunal Federal.
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21/06/2025
G1