Notícia
Na última quarta-feira (18), a moeda norte-americana subiu 0,04%, cotada a R$ 5,5003. Já a bolsa de valores encerrou em queda de 0,09%, aos 138.717 pontos. Notas de dólar
Karolina Grabowska
O dólar opera em alta nesta sexta-feira (20), com avanço de 0,40% às 16h27, cotado a R$ 5,5224. Já o Ibovespa recuava 1,16% no mesmo horário, aos 137.102 pontos.
▶️ Na reabertura dos mercados após o feriado, investidores reagem à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciada na quarta-feira (18), de elevar a taxa básica de juros do Brasil para 15% ao ano — maior patamar da Selic em quase 20 anos.
Tão importante quanto a decisão em si era o conteúdo do comunicado. O Banco Central (BC) declarou que pretende interromper a elevação da taxa básica de juros para observar seus impactos na economia, mas observou que os juros devem seguir elevados por um período "bastante prolongado".
▶️ Na quarta, o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, também anunciou como ficariam os juros do país. A decisão do Fed veio em linha com o esperado: a instituição manteve as taxas de juros dos EUA inalteradas na faixa de 4,25% a 4,5%. A demora em um novo ciclo de queda de juros tem sido criticada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. (leia mais abaixo)
▶️ Além da reação às decisões de juros, os investidores seguem atentos ao conflito entre Israel e Irã, principalmente após Trump subir o tom contra Teerã e ameaçar interferir no confronto. Na quinta-feira (19), o republicano afirmou que tomará uma decisão nas duas próximas semanas sobre o envolvimento direto do país na guerra, enquanto busca negociar com os iranianos.
O dia, portanto, é marcado por instabilidade nos mercados globais, enquanto investidores seguem atentos aos novos passos do conflito no Oriente Médio. O risco de bloqueio no Estreito de Ormuz, principal rota marítima para transporte de petróleo, também preocupa o mercado, já que pode causar uma disparada no preço do petróleo, que avançou mais de 10% desde o início da guerra.
Os mercados também seguem cautelosos sobre as incertezas comerciais, enquanto que se aproxima o prazo para o fim da suspensão das tarifas de Trump, com acordos comerciais ainda sendo negociados entre Washington e seus principais parceiros.
Entenda abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Petróleo chega a subir mais de 14% mas cotação perde força ao longo do pregão
?Dólar
a
Acumulado da semana: -0,76%;
Acumulado do mês: -3,81%;
Acumulado do ano: -10,99%.
?Ibovespa
Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: +1,10%
Acumulado do mês: +1,23%;
Acumulado do ano: +15,32%.
Israel X Irã
Bomba dos EUA pode mudar rumo do conflito Irã-Israel
O conflito entre Irã e Israel chega ao oitavo dia nesta sexta-feira (20). Desde sexta (13), as trocas de ataques deixaram mais de 240 mortos nos dois países, segundo autoridades locais.
Em suas redes sociais, Trump alertou na última terça-feira que a paciência dos EUA estava se esgotando. Embora tenha dito que não havia intenção de matar o líder do Irã "por enquanto", seus comentários sugeriram uma postura mais agressiva em relação ao Irã.
Já nesta quinta, o presidente dos EUA afirmou que tomará uma decisão sobre o envolvimento direto do país na guerra entre Israel e Irã nas próximas duas semanas. Em comunicado à imprensa, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que estava citando o próprio presidente Trump e afirmou:
"Como existe uma chance substancial de fazer negociações com o Irã em um futuro próximo, vou tomar minha decisão, sobre atacar ou não, nas próximas duas semanas."
Nesta quarta (18), o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou em pronunciamento na TV estatal que não irá se render e que qualquer ataque direto dos EUA ao país terá "consequências irreparáveis".
Ele disse que "aqueles que conhecem a história do Irã sabem que os iranianos não respondem bem à linguagem da ameaça".
O mercado financeiro global tem sido duramente impactado pelo possível agravamento do conflito no Oriente Médio. Nesta terça, a escalada das tensões derrubou as bolsas de Nova York e impulsionou a busca por ativos considerados seguros.
Além disso, os preços do petróleo dispararam por causa da preocupação sobre a interrupção do fornecimento do produto.
A commodity subiu cerca de 10% desde o início do conflito — mesmo após o Irã ter afirmado que suas instalações permanecem intactas até o momento. No primeiro dia de registros de ataques, os preços do petróleo já haviam subido mais de 8%.
A principal preocupação é se o conflito afetará o Estreito de Ormuz, por onde transita cerca de um quinto do consumo global de petróleo. Diante de um possível ataque direto dos EUA contra o Irã, o governo iraniano ameaçou fechar o canal marítmo.
'Superquarta'
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu na quarta-feira (18) manter o ciclo de alta da taxa básica de juros e elevar a Selic para 15% ao ano.
Foi o maior patamar em quase 20 anos – em julho de 2006, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a taxa Selic estava em 15,25% ao ano.
? Juros mais altos desestimulam o consumo pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda.
A decisão foi por unanimidade. Ou seja, todos os diretores do Copom e o presidente, Gabriel Galípolo, votaram no mesmo sentido. O Copom justificou que as incertezas na economia dos EUA exigem cautela nos países emergentes, como o Brasil. Entenda este e outros os recados do comitê.
▶️ ESTADOS UNIDOS: Nos EUA, o Fed manteve as taxas de juros inalteradas, na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. Os mercados ainda apostam em dois cortes até dezembro, com um primeiro movimento em setembro sendo visto como o mais provável.
Mais cedo, Trump voltou a criticar o presidente da instituição, Jerome Powell, afirmando que o homem que ele colocou no cargo durante seu último mandato fez um "trabalho ruim".
A repórteres na Casa Branca, o presidente norte-americano chegou até a mencionar a possibilidade de se nomear para liderar o BC dos EUA. "Powell chegou tarde demais", disse, referindo-se ao seu desejo de cortes de juros.
No comunicado divulgado após a decisão, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) reafirmou que as incertezas em torno das perspectivas econômicas seguem elevadas, mas ponderou que elas diminuíram em relação à última reunião. A postura cautelosa do Fed reflete, principalmente, a política tarifária do presidente Donald Trump.
"Powell voltou a manter sua postura cautelosa, mas deixando claro que o cenário tende a piorar – o que já havia ficado evidente nas projeções de inflação, crescimento e juros divulgadas no comunicado posterior à decisão", afirmou Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.
Na semana passada, os investidores repercutiram o novo acordo tarifário entre EUA e China. Eles têm acompanhado de perto a situação preocupados com a possibilidade de uma guerra comercial caótica prejudicar os lucros corporativos.
? O mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar à desaceleração da maior economia do mundo e até a uma recessão global.
Segundo o economista da CM Capital, Matheus Pizzani, a decisão do Fed reforça a perspectiva e que o mercado pode acabar sendo pego de surpresa no segundo semestre do ano.
"Além das entrelinhas do comunicado [...] deixarem nítido que o Fed não tem pressa em mudar seu atual posicionamento em termos de política monetária [...] a decisão de hoje também trouxe outros elementos importantes que jogam a favor de um cenário de estabilidade de juros até o final do ano", opinou.
20/06/2025
G1