Notícia
Apoio histórico a Israel, movimentação militar, pressão política e papel estratégico contra o programa nuclear iraniano aumentam as chances de Washington entrar no conflito. EUA podem entrar na guerra Israel x Irã? Entenda os possíveis impactos para o mundo
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que tomará uma decisão sobre o envolvimento do país na guerra entre Israel e Irã nas próximas duas semanas. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (19) pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
Em mensagem divulgada à imprensa, Leavitt disse que o presidente declarou:
“Com base no fato de que há uma chance substancial de negociações que podem ou não ocorrer com o Irã em um futuro próximo, tomarei minha decisão de ir ou não nas próximas duas semanas.”
Leavitt disse ainda que Trump está interessado em buscar uma solução diplomática com o Irã, mas sua prioridade é garantir que o Irã não produzisse uma arma nuclear.
Ela informou também que qualquer acordo teria que proibir o enriquecimento de urânio por Teerã e eliminar a capacidade do Irã de obter uma arma nuclear.
Os comentários ocorrem em meio à escalada do conflito no Oriente Médio, após uma série de ataques entre Israel e Irã desde a última sexta-feira (14).
Entenda possível entrada dos EUA no conflito
A escalada dos ataques entre Israel e Irã aumentou a pressão para que os Estados Unidos se envolvam diretamente no conflito.
Na última quarta-feira (19), Trump aprovou de forma preliminar planos para um ataque no Irã, segundo a imprensa americana. O plano ainda não foi confirmado oficialmente pelo presidente ou pela Casa Branca.
Nesta quarta-feira (18), o presidente Donald Trump se reuniu com integrantes do Conselho de Segurança Nacional e sinalizou a possibilidade de uma ação militar.
Em resposta, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, advertiu que qualquer ofensiva americana terá “consequências sérias e irreparáveis” e prometeu reagir caso o país seja alvo de bombardeios.
Entenda abaixo porque o envolvimento dos EUA no conflito parece inevitável, segundo especialistas ouvidos pelo g1.
? Aliança histórica entre EUA e Israel
Os Estados Unidos são aliados estratégicos de Israel e, tradicionalmente, se posicionam ao lado do país em conflitos no Oriente Médio.
Em fevereiro, o presidente Donald Trump retomou a política de “pressão máxima” sobre o Irã, com o objetivo de forçar um novo acordo nuclear.
Trump também já havia declarado que, se as negociações fracassassem, poderia atacar o Irã com apoio de Israel.
O uso da palavra “nós” em postagens recentes sobre o controle do espaço aéreo iraniano acendeu alertas sobre a possível entrada dos EUA no conflito.
? Movimentação militar e sinais de preparação para a guerra
Os Estados Unidos reforçaram sua presença militar no Oriente Médio com o envio de caças e aviões estratégicos. Aeronaves também foram deslocadas da Europa para a região.
Para especialistas, trata-se de um movimento que vai além da intimidação.
“Pela escala dos deslocamentos e pelo tipo de armamento, são todos sinais de uma preparação para a guerra”, analisa Maurício Santoro, doutor em Ciência Política pelo IUPERJ e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil.
Ele destaca também o uso de navios especializados em desminagem como um indicativo de preparação para um conflito naval no Golfo Pérsico.
Segundo o professor, mesmo que a movimentação seja uma forma de o governo americano pressionar o Irã, trata-se de “um teatro bem caro e expressivo”.
Donald Trump e Benjamin Netanyahu
REUTERS/Leah Millis
⚠️ Capacidade bélica exclusiva contra o programa nuclear iraniano
Gunther Rudzit, professor de Relações Internacionais da ESPM, explica que o fim do programa nuclear iraniano também é de interesse do governo americano.
"Por mais que o secretário de Defesa não queira se envolver em mais uma guerra no Oriente Médio, não tem como não ajudar o governo israelense a eliminar esse programa nuclear, que há muito tempo representa uma ameaça aos Estados Unidos", afirma. "O equipamento militar americano está saindo ainda mais valorizado do que antes."
De acordo com especialistas, só os EUA têm armamento capaz de destruir os bunkers subterrâneos onde o Irã mantém seu programa de enriquecimento de urânio.
“Os Estados Unidos são os únicos atores competentes no cenário internacional para neutralizar o programa nuclear iraniano já que possuem artilharia para tanto, diferentemente de Israel”, afirma Priscila Caneparo, doutora em Direito Internacional.
?️ Custo político para o governo Trump
Os especialistas ouvidos pelo g1 divergem, no entanto, sobre o impacto político de um envolvimento para Trump.
Segundo a professora Priscila Caneparo, doutora em Direito Internacional, entrar no conflito significaria descumprir promessas de campanha de não gastar dinheiro com guerras. "Acho que vai pegar muito mal para ele, em uma perspectiva de não corresponder ao que seus eleitores e a sua base eleitoral estão justamente esperando dele", afirma a especialista.
Já o professor Gunther Rudzit, avalia que o impacto eleitoral pode ser mais limitado. Segundo ele, é preciso lembrar que o republicano já voltou atrás por diversas vezes em suas promessas.
“Ele tem um controle sobre a maior parte desse eleitorado do movimento MAGA. Eu não me surpreenderia que, se ele agir militarmente contra o Irã e criar toda uma nova narrativa, o eleitorado aceite isso", analisa.
VEJA TAMBÉM
Quem é o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã
19/06/2025
G1