Especialistas apontam que a economia brasileira está crescendo acima do seu potencial, o que pode resultar em pressões inflacionárias. Durante o 3º Seminário de Análise Conjuntural promovido pelo Estadão e pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), foi discutido que será necessário aumentar a taxa básica de juros para conter essas pressões.
José Júlio Senna, economista, sugeriu que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central poderia elevar a Selic em 0,50 ponto percentual na próxima reunião, embora se espere um aumento de 0,25 ponto. Ele ressaltou que o BC tem sinalizado a necessidade de elevar os juros para controlar a inflação e reancorar expectativas.
Por outro lado, a economista Silvia Matos alertou que o crescimento acima do potencial da economia brasileira resultará em mais juros e inflação pressionada, devido ao estímulo à economia predominantemente pelo lado da demanda e dos gastos públicos. Ela também destacou que o cenário internacional, com a redução dos juros nos EUA, pode não favorecer o Brasil.
Os especialistas ressaltaram que o cenário atual se assemelha ao crescimento observado nos primeiros mandatos do presidente Lula, porém com diferenças significativas, como a instabilidade do dólar e a queda nos preços das commodities. A análise indicou um aumento dos gastos do governo e do consumo das famílias, contribuindo para um crescimento acelerado impulsionado pela demanda interna.
No contexto econômico dos Estados Unidos, foi mencionado um ciclo de redução moderada dos juros, o que pode desapontar parte do mercado financeiro que esperava cortes mais agressivos. Apesar de uma leve piora nos dados de inflação, os EUA ainda mantêm uma atividade econômica robusta, o que orienta o comitê de política monetária do país a agir com precaução.
Em resumo, a análise conjuntural indica a necessidade de aumentar a taxa de juros no Brasil para conter a inflação decorrente do crescimento acima do potencial da economia, enquanto os EUA seguem em um ciclo de redução moderada dos juros.
