No decorrer dos primeiros nove meses de 2024, o Banco Central aprovou cerca de um terço dos pedidos de devolução de valores transferidos via Pix por suspeita de fraude. Isso resultou em 1,13 milhão de restituições de um total de 3,56 milhões de solicitações. O Mecanismo Especial de Devolução (MED) foi responsável por recuperar R$ 392,7 milhões, um aumento de 47,6% em comparação ao mesmo período de 2023. No entanto, ainda há cerca de R$ 4,4 bilhões que não foram devolvidos, deixando muitas vítimas sem reembolso, conforme informações divulgadas pelo EXTRA.
As transferências fraudulentas têm impactado principalmente os usuários menos familiarizados com o ambiente digital, o que facilita a ocorrência de golpes, de acordo com o especialista em Direito Digital, Pedro Sanches. Em entrevista ao EXTRA, ele destaca que a crescente utilização do Pix combinada com a sofisticação das fraudes tende a piorar a situação. O Banco Central planeja implementar melhorias no sistema de devolução em 2026, visando rastrear as transferências fraudulentas mesmo em transações subsequentes, evitando que os criminosos ocultem o dinheiro em múltiplas contas.
Além do Banco Central, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) está trabalhando em medidas adicionais de segurança para combater as fraudes. Walter Faria, da Febraban, explica que os criminosos geralmente dissipam rapidamente os valores roubados, ressaltando a importância de aprimorar o sistema para alcançar “mais camadas de transação” e dificultar a ação dos golpistas. Em situações de falhas operacionais, como transferências duplicadas, o BC já restituiu mais de R$ 40,7 milhões aos usuários.
Diversas instituições financeiras e fabricantes de celulares estão melhorando seus serviços de proteção digital para garantir a segurança dos usuários. Bancos como Bradesco e Itaú oferecem sistemas de alerta e análise de transações suspeitas, enquanto empresas de tecnologia, como Motorola e Xiaomi, disponibilizam aplicativos que bloqueiam acessos não autorizados. O Banco Central também incentiva as vítimas a registrarem boletins de ocorrência para colaborar nas investigações de fraudes.