A Prefeitura de São Paulo emitiu notificações às empresas de ônibus UPBus e Transwolff no final de outubro, solicitando que apresentem defesa sobre falhas graves e irregularidades administrativas apontadas por auditorias independentes. Desde abril, essas empresas estão sob intervenção municipal devido a uma investigação que levantou suspeitas de envolvimento da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no sistema de transporte público da cidade.
Essa notificação marca o início do processo em que a gestão do prefeito Ricardo Nunes avaliará a possibilidade de rescindir os contratos de concessão das linhas de ônibus, que continuam operando sob a administração da SPTrans. Caso as explicações fornecidas pelas empresas não sejam consideradas satisfatórias, a prefeitura poderá aplicar a caducidade dos contratos, conforme previsto na lei 8.987/95.
A intervenção nessas empresas teve início após a Operação Fim da Linha, conduzida pelo Ministério Público de São Paulo, que investiga as possíveis conexões entre o PCC e o sistema de transporte coletivo da capital. A investigação revelou um esquema de lavagem de dinheiro e indícios de financiamento ao crime organizado.
Em 2023, as empresas receberam mais de R$ 800 milhões em subsídios da Prefeitura de São Paulo e, desde 2015, ultrapassaram R$ 5,3 bilhões em recursos recebidos. Há suspeitas de desvio de parte desses recursos para atividades ilícitas.
Para auxiliar na tomada de decisão sobre a manutenção dos contratos de concessão, a Fundação Carlos Alberto Vanzolini foi contratada para realizar uma avaliação independente das empresas. A Fundação esclareceu que sua atuação se limita a essa avaliação e não configura uma auditoria formal.
As investigações sobre o envolvimento do PCC no transporte público de São Paulo remontam aos anos 1990, com denúncias de influência do crime organizado no transporte irregular. As empresas notificadas têm um prazo de 15 dias para apresentar defesa, e a prefeitura decidirá sobre a rescisão dos contratos com base nas respostas recebidas.