Uma reunião realizada na manhã desta quinta-feira (4) na sede da Ouvidoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo promoveu uma série de anúncios importantes para a Comunidade de Paraisópolis.
Entre as ações anunciadas está a criação de um dossiê com as denúncias recebidas pela Ouvidoria. Esse documento será entregue ao Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo às 10h do dia 19 de julho.
Nós temos fotos, vídeos e relatos de ações truculentas, agressivas e desrespeitam até mesmo o direito de ir e vir de moradores, empresários e crianças
Ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, professor Cláudio Silva
O ativista da Comunidade de Paraisópolis, Janilton Oliveira, relatou o drama vivido pelos moradores. “Hoje Paraisópolis vive um terror psicológico, uma situação que faz com que todos vivam com medo do que vai acontecer. Os comércios são fechados, as pessoas não conseguem sair de casa, e por isso estamos pedindo ajuda” garantiu.
Comitê de Crise
O grupo composto pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo, entidades de defesa dos Direitos Humanos, parlamentares e líderes comunitários atua desde maio no recebimento de denúncias e encaminhamento de iniciativas.
As denúncias dizem respeito às inúmeras operações realizadas pela Polícia Militar no interior da comunidade. Além da entrega do dossiê ao Comandante Geral da PMESP, o documento será destinado ao Ministério Público Federal e ao Procurador-Geral do Estado.
No dia 6 de julho, o Comitê promove a “Caminhada do Respeito em Paraisópolis, das 10h às 12h. O grupo exige que a atuação das forças policiais seja pautada pelo respeito aos limites legais e aos direitos humanos.
A coletiva realizada nesta quinta-feira contou com a presença do Ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Prof. Cláudio Silva, o presidente do Condepe, Adilson Souza, Deputado Estadual Eduardo Suplicy (PT), Deputada Estadual Ediane Maria (PSOL), diretora do Conecta Direitos Humanos, Carolina Diniz e o morador e ativista da Comunidade de Paraisópolis, Janilton Oliveira.
A CNN entrou em contato com o governo de São Paulo sobre a criação do comitê. O texto será atualizado com o retorno.
Relembre o caso
A criação do “Comitê de Crise Paraisópolis Exige Respeito” é motivada por uma série de ações violentas enfrentadas pela comunidade nos últimos anos. A mais conhecida delas é a que ficou conhecida como “massacre de Paraisópolis”.
No dia 1º de dezembro de 2019, nove jovens com idades entre 14 e 23 anos foram mortos em um beco durante uma ação policial em um baile funk conhecido como Baile da DZ7.
Ao todo, 13 policiais militares são réus no processo. No último dia 28 de junho eles passaram por uma audiência de instrução no Fórum Criminal da Barra Funda.
Neste ano, em 2024, outros dois casos também ganharam muita repercussão. No dia 6 de abril, uma ação da Rota deixou uma pessoa morta após uma perseguição.
Exatos 11 dias depois, no dia 17 de abril, uma criança de 7 anos foi atingida com um tiro na cabeça durante uma ação da Polícia Militar. Uma gravação amadora expôs um vídeo que mostra pelo menos dez policiais fazendo uma varredura pelo local, o que – de acordo com a Ouvidoria da PM – pode indicar uma tentativa de fraude processual.
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