No tribunal de Avignon, na França, Gisèle Pélicot, de 72 anos, que foi vítima de estupro após ser dopada pelo marido ao longo de uma década, relatou que tem sido humilhada pelos advogados dos 51 réus envolvidos no caso. Ela foi submetida a pelo menos 92 estupros de 2011 a 2020, após ser drogada pelo marido, que a oferecia a outros homens para abusos. Gisèle abriu mão de um julgamento a portas fechadas para encorajar outras vítimas a denunciarem seus agressores.
Durante o julgamento, as tensões aumentaram, com advogados dos réus tentando insinuar que as relações sexuais foram consentidas, exibindo fotos que sugeriam que a vítima estava consciente. No entanto, Gisèle rejeitou veementemente essas alegações, afirmando que estava em estado de coma e incapaz de consentir. O caso veio à tona em 2020, quando o marido de Gisèle foi flagrado filmando partes íntimas de uma mulher em um shopping.
O processo tem provocado debates sobre a submissão química e a violência de gênero na França, com ativistas pedindo que os homens assumam responsabilidade na luta contra a violência contra as mulheres. O principal réu admitiu os crimes e pediu perdão, enquanto os outros 50 acusados enfrentam penas de até 20 anos de prisão por estupro de vulnerável. O julgamento tem gerado grande comoção no país e levantado discussões sobre o papel da sociedade na prevenção da violência de gênero.